ESPORTE


De Neymar a Thiago Silva: 4 em cada 10 craques da Seleção voltaram ao clube de origem após carreira internacional

Levantamento mostra tendência de astros do futebol brasileiro em encerrar ciclo no país que os revelou

Fotos: Fotos: Bruno Vaz/Santos FC e Reprodução/Instagram @fluminensefc

Com a renovação de contrato com o Santos até o fim de 2025, Neymar deixou claro que pretende seguir os passos de outros grandes nomes do futebol brasileiro que, após brilhar no exterior, decidiram retornar às origens. E ele não está sozinho.

Um levantamento da empresa de inteligência esportiva Brasil Apostas analisou 106 jogadores que passaram pela Seleção Brasileira desde 1930 e revelou que 42 deles voltaram ao time onde começaram a carreira profissional.

Entre os nomes mais recentes, o destaque vai para Thiago Silva. O zagueiro, que iniciou sua trajetória no Fluminense, retorna ao clube após quase 20 anos e passagens marcantes por Milan, PSG, Chelsea e Seleção Brasileira. Sua chegada ao Tricolor Carioca, marcada pela chegada à semifinal do Mundial de Clubes, é simbólica: não apenas reforça o elenco com sua liderança e experiência, como representa um reencontro emocional com a torcida que o viu nascer para o futebol.

Ídolos que voltaram para casa

O estudo mostra que, dos 106 atletas analisados, 42 retornaram ao clube onde foram revelados. Apenas nove deles voltaram mais de uma vez. Além de Neymar e Thiago Silva, também fazem parte desse grupo nomes como Robinho (Santos), Kaká (São Paulo), Edmundo (Vasco), Renato Gaúcho (Grêmio) e Juninho Pernambucano (Vasco).
Mesmo assim, nem todos encerraram a carreira no clube de origem. Kaká, por exemplo, voltou ao São Paulo em 2014, mas se aposentou no Orlando City. Já Robinho retornou duas vezes ao Santos, mas terminou a carreira no İstanbul Başakşehir, da Turquia.

Santos e São Paulo lideram número de retornos

Entre os clubes que mais recontrataram ídolos da Seleção, o Santos lidera, com 12 retornos, seguido pelo São Paulo, com 11. O Vasco da Gama também se destaca: Edmundo voltou quatro vezes ao clube e Romário, três.
No Fluminense, além de Thiago Silva, também retornaram nomes como Carlos Alberto Torres, que encerrou a carreira no New York Cosmos após voltar ao Flu e o lateral Marcelo, que ainda está em atividade no clube carioca.

Retorno nem sempre significa despedida

Embora 42 atletas tenham retornado ao clube de origem, pelo menos 18 deles não permaneceram até o fim da carreira. Hernanes, por exemplo, voltou ao São Paulo após sete anos fora e, em menos de cinco, já estava no Sport. Vampeta também retornou ao Vitória, mas se aposentou no Grêmio Osasco.

Onde encerraram a carreira?

A maioria dos jogadores que não voltaram para o clube de origem ainda assim decidiu se aposentar no Brasil. Ronaldo Fenômeno, por exemplo, começou no Cruzeiro, mas se despediu do futebol pelo Corinthians. Garrincha, ídolo do Botafogo, terminou no Olaria.

Ronaldinho, revelado pelo Grêmio, encerrou sua carreira no Fluminense.

O estudo revela que 62 dos 106 jogadores analisados não retornaram ao time de origem. Desses, apenas 17 finalizaram a carreira em clubes do exterior, a maioria preferiu encerrar o ciclo em solo brasileiro.

Números e curiosidades do levantamento

• 42 jogadores da Seleção voltaram ao clube de origem

• 9 deles retornaram mais de uma vez

• Santos (12) e São Paulo (11) lideram em número de retornos

• Edmundo (Vasco) voltou 4 vezes; Romário (Vasco) e Serginho Chulapa (Santos), 3

• Entre os jogadores que mais marcaram gols antes e depois do retorno estão:

• Romário: 139 antes e 131 + 42 + 15 depois

• Zico: 476 antes e 33 depois

• Roberto Dinamite: 708 antes e 9 depois

• Neymar: 138 antes e 2 desde o retorno, com potencial para mais

Alguns jogadores também voltaram ao clube mais por identificação ou afeto do que por metas competitivas. É o caso de Dunga (Internacional), Zé Roberto (Palmeiras), Raí (São Paulo) e Elano (Santos), que decidiram encerrar a carreira onde se sentiam em casa ou próximos dela.

Voltar é simbólico, mas estratégico

Seja pela conexão com a torcida, seja pela vontade de encerrar um ciclo com dignidade, retornar ao clube de origem tem se mostrado um caminho recorrente entre os grandes nomes da Seleção. No caso de Thiago Silva, porém, esse retorno tem um peso especial: aos 39 anos, o zagueiro volta com status de lenda viva, após disputar um título mundial e inspirar uma nova geração de atletas a acreditar no poder de voltar às raízes.