ECONOMIA


Governo se reúne com indústria e agro para discutir tarifa de Trump e promete negociação firme

Alckmin classifica medida dos EUA como inadequada e defende ação conjunta com empresários

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O governo federal se reuniu nesta terça-feira (15) com representantes da indústria e do agronegócio para discutir a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, anunciada na semana passada pelo ex-presidente e pré-candidato Donald Trump. As reuniões foram conduzidas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e ocorreram ao longo do dia, com encontros pela manhã com o setor industrial e à tarde com o agronegócio.

Durante a abertura do encontro com industriais, Alckmin afirmou que o governo buscará a negociação com tranquilidade e firmeza, sem interferir em outros poderes da República, numa crítica indireta à sugestão de Trump de que o Executivo brasileiro deveria conter decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A medida dos Estados Unidos é totalmente inadequada. O Brasil não tem superávit com os EUA. Aliás, é o contrário. Dos dez principais produtos exportados por eles, oito têm tarifa zero”, afirmou Alckmin. Ele destacou que o governo está empenhado em resolver a questão em conjunto com o setor privado. “É importante a participação de cada um de vocês. Queremos ouvir sugestões específicas para cada área.”

O governo também vai conversar com empresas americanas que compram e vendem para o Brasil. Alckmin lembrou que a taxação encarece e prejudica a economia dos dois países, já que existe uma importante relação de reciprocidade econômica em setores como o siderúrgico.

O vice-presidente também disse que o Brasil já havia enviado, em maio, uma proposta de negociação aos EUA, mas ainda não obteve resposta. “Até na sexta-feira, antes do anúncio, havia reuniões técnicas em andamento”, afirmou.

Além do diálogo com o empresariado nacional, o governo pretende abrir conversas com empresas americanas que mantêm relações comerciais com o Brasil, ressaltando que a sobretaxa prejudica ambos os lados, especialmente setores como o siderúrgico, marcado por forte interdependência.