POLÍTICA


Lula deve publicar até segunda-feira lei de reciprocidade contra tarifaço de Trump

Medida é uma resposta direta à decisão do presidente dos Estados Unidos de sobretaxar produtos brasileiros

Fotomontagem: Valter Campanato/Agência Brasil e Shealah Craighead/White House

O governo federal deve publicar até a próxima segunda-feira (14) o decreto que regulamenta a Lei de reciprocidade Econômica. A informação foi confirmada pelo gabinete da Vice-Presidência, segundo a CNN. A medida é uma resposta direta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

O decreto será assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e permitirá que o Brasil adote retaliações comerciais proporcionais, conforme prevê a lei sancionada em abril deste ano. A norma já havia sido aprovada com amplo apoio no Congresso Nacional e autoriza o governo a reagir a sanções econômicas unilaterais impostas por outros países.

Além da publicação do decreto, o governo criou um comitê de crise que será coordenado pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. A missão do grupo é articular uma reação estratégica à sobretaxa norte-americana, em conjunto com representantes dos setores mais afetados, como o agronegócio e a indústria.

Segundo o governo, estão confirmadas participações de representantes de cadeias produtivas como carne bovina, suco de laranja, café, setor de tecnologia e aviação — incluindo a Embraer. A lista completa ainda está em elaboração.

O grupo também discutirá a busca por novos mercados para os produtos brasileiros, caso as tratativas com os Estados Unidos não avancem. A tensão comercial aumentou após Trump justificar a nova tarifa com base em um suposto déficit dos EUA nas trocas com o Brasil e criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, chamando-o de “vergonha internacional”.

Em resposta, o presidente Lula repudiou as declarações e defendeu uma reação firme. “Vamos aplicar a reciprocidade. Taxou aqui, vamos taxar lá”, afirmou após reunião com ministros. O chefe do Executivo também reforçou que o Brasil não aceita imposições externas e que os desequilíbrios comerciais devem ser discutidos com base em dados oficiais — os quais, segundo o governo, mostram superávit dos EUA na relação com o Brasil.