SÃO FRANCISCO DO CONDE


Vereadora de município da RMS relata ameaça de morte após propor CPI na Saúde

Lígia Costa Rosa (Republicanos) afirma ter sido intimidada por mensagem enviada ao celular do noivo; partido procurou secretário de Segurança

Foto: Divulgação

A vereadora Lígia Costa Rosa (Republicanos), da cidade de São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador, afirma ter recebido uma ameaça de morte por meio de um aplicativo de mensagem na manhã de terça-feira (11), durante uma sessão na Câmara Municipal.

Ao MundoBA, Lígia relatou que seu noivo, o ex-procurador Allan Abbehusen, recebeu uma foto do casal acompanhada das frase de que ambos “vão morrer” e “fique calada”. Segundo ela, a imagem foi retirada de suas próprias redes sociais, onde ela publicou um vídeo em que detalhou sobre a ameaça.

“Ontem, 11 de novembro, eu e o meu noivo recebemos ameaças via WhatsApp de um número desconhecido, um número que nós não temos salvo e que foi divulgado durante a sessão. As mensagens continham a nossa foto com a ameaça expressa, ‘você vai morrer’. Ameaça também de ‘fique calada’ ou ‘se cale’. No nervosismo, não consigo dizer se foi uma coisa ou se foi outra”, contou a vereadora.

A vereadora disse que ela e noivo já registraram um boletim de ocorrência. “Nós saímos da sessão e fomos direto para a delegacia, demos queixa e registramos o boletim, inclusive só tenho a agradecer, fui muito bem tratada por todos os servidores, me senti acolhida. A equipe de inteligência já está fazendo o trabalho dela”, disse Lígia.

Lígia conta que, por se tratar de uma violência política, foi procurada pelo observatório do Republicanos. Ela afirma que levará o caso ao MPF (Ministério Público Federal).

“Irei até o Ministério Público Federal,. O partido já está disponibilizando toda a assessoria jurídica para que eu possa tomar as providências junto ao MPF.” 

Segundo a vereadora, os prints das mensagens recebidas pelo seu noivo não serão divulgados “por orientação do delegado para não prejudicar a investigação”.

CPI

Lígia diz acreditar que a ameaça foi motivada por ter apresentado um requerimento para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar possíveis irregularidades e omissões na Secretaria Municipal de Saúde. A vereadora afirma que o autor das mensagens a coagiu a “ficar calada” sobre eventuais atos ilícitos.

“Eu liguei a esse fato porque a gente verificou que eu recebi a mensagem minutos antes de ir à tribuna e elas foram intensificadas enquanto eu estava apresentando o requerimento”, argumentou a vereadora.

Durante a conversa com o MundoBA, Lígia diz que solicitou a abertura da CPI para investigar o estoque de medicamentos do município, que, segundo ela, tem sido alvo de denúncias da população de São Francisco do Conde. A vereadora também afirma que, desde janeiro de 2025, o portal de transparência da cidade não é atualizado com nenhuma listagem de medicamentos.

“O requerimento da CPI é para investigar o estoque de medicamentos. A população o tempo todo vem denunciando a falta de acesso a medicamentos básicos. Além disso, desde janeiro o Portal da Transparência não é alimentado com nada, com nenhuma listagem desses medicamentos”, argumentou a vereadora.

Lígia também acusa o prefeito Antonio Calmon (PP) de se recusar a sancionar ou vetar um projeto de lei proposto por ela para que haja  transparência na compra e fornecimento de medicamentos. O texto foi aprovado por todos os vereadores do município.

“O que deu mais um motivo para a CPI é que nós aprovamos na Câmara uma lei de transparência dos medicamentos, que foi de autoria minha, e essa lei foi aprovada por todos os vereadores da Casa, por duas votações, e o Executivo se recusou a sancionar ou vetar a lei, alegando ser inconstitucional”, afirmou.

Para a vereadora, a ação do Executivo demonstra que “existe algum problema em relação ao estoque de medicamentos”.

Lígia informou que a CPI já conta com três assinaturas das cinco necessárias para ser instalada.

Posicionamento do Republicanos 

Em nota, o presidente do Republicanos na Bahia, Márcio Marinho, comunicou que entrou em contato com o secretário estadual de Segurança Pública, Marcelo Werner. De acordo com o dirigente da legenda, a medida foi adotada “para que toda atenção e medidas cabíveis sejam tomadas garantindo à vereadora republicana todo o apoio necessário para que sua integridade seja preservada e para o livre exercício do seu mandato, bem como a responsabilização de todos os culpados pelas ameaças”.

“O Republicanos Bahia repudia veementemente qualquer forma de intimidação, violência ou tentativa de silenciar representantes eleitos pelo povo, reafirmando seu compromisso com a democracia, a liberdade de atuação parlamentar e o respeito à soberania popular”, diz o comunicado.

 

A presidente do movimento feminino do Republicanos, Rogéria Santos, também se manifestou sobre as ameaças sofridas por Lígia, salientando que o partido está do lado da vereadora.

“Estaremos ao lado da Vereadora Lígia Costa Rosa, cobrando das autoridades uma resposta rápida e justa. Jamais aceitaremos que o exercício da função pública e a representação política feminina sejam alvos de intimidação e ataques covardes. A democracia se fortalece com o respeito, o diálogo e a garantia de segurança para todas as mulheres que ocupam espaços de poder”, diz a nota.

Posicionamento da Câmara 

A Câmara Municipal de São Francisco do Conde, por meio de seu presidente, Carlos Alberto Bispo Cruz, também repudiou as ameaças sofridas pela vereadora e garantiu que a casa “não pode se calar diante tamanha violência”.