JUSTIÇA


PF encontra provas de que Moro mandou grampear autoridades com foro

Material apreendido inclui relatórios de inteligência e transcrições de escutas envolvendo desembargadores e políticos; ex-juiz nega acusações

Foto: Matheus Morais/MundoBA

 

A Polícia Federal encontrou provas documentais de que o ex-juiz Sergio Moro grampeou autoridades com foro por prerrogativa de função por meio de delatores no Paraná. O material foi colhido durante busca e apreensão na 13ª Vara Federal de Curitiba, onde Moro atuava. As informações são da colunista Daniela Lima, do portal UOL.

Hoje senador pelo União Brasil, Sergio Moro nega as acusações e afirma que estas se baseiam em relatos fantasiosos de criminosos condenados.

A publicação do UOL diz que teve acesso à íntegra de uma gravação de 40 minutos do presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), Heinz Herwig, além de despacho judicial que comprova a ordem de monitoramento.

Em documento de julho de 2005, Moro determinou que o delator Tony Garcia tentasse gravar “novamente” a autoridade, alegando que as escutas anteriores eram “insatisfatórias para os fins pretendidos”.

A gravação ocorreu em fevereiro de 2005, cinco meses antes da ordem formal para repetir a tentativa. À época, tanto o presidente do TCE quanto desembargadores só poderiam ser investigados mediante autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O material apreendido inclui relatórios de inteligência e transcrições de escutas envolvendo desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e políticos com foro privilegiado. Parte desses documentos estava guardada em gavetas da Vara e não havia sido encaminhada às instâncias superiores.

A operação foi autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, após sucessivos pedidos da corte por documentos, fitas e gravações que não foram entregues, mesmo depois da saída de Moro da magistratura.

Toffoli apura denúncias de uso ilegal de delatores para monitorar autoridades com o objetivo de pressioná-las posteriormente. O procedimento tramita sob sigilo.