ECONOMIA


Rendimento real dos brasileiros tem 1ª queda em dois anos, aponta IBGE; Bahia é contraste

Indicador caiu de R$ 345,2 bilhões no 4º trimestre de 2024 para R$ 345,0 bilhões no 1º trimestre de 2025 — uma retração de 0,05%

Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

 

A massa de rendimento real habitual dos brasileiros recuou pela primeira vez em dois anos, segundo dados divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador caiu de R$ 345,2 bilhões no 4º trimestre de 2024 para R$ 345,0 bilhões no 1º trimestre de 2025 — uma retração de 0,05%.

O número representa a soma de toda a renda bruta das pessoas ocupadas no país, incluindo salários e outras fontes de renda. A queda, embora leve, interrompe uma sequência de sete altas trimestrais consecutivas e pode sinalizar o início de um desaquecimento econômico, segundo analistas.

Em comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, a massa de rendimento ainda cresceu 6,56% — a menor alta desde 2022, mas próxima ao ritmo registrado no primeiro trimestre de 2024. Entre o 1º trimestre de 2023 e o 4º trimestre de 2024, o aumento acumulado foi de 13,7%, um ganho de R$ 41,6 bilhões.

Cenário nacional e política monetária

O Banco Central (BC) vê esse arrefecimento como um efeito necessário da política monetária para controlar a inflação. Em comunicado recente, o Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que o bom desempenho do mercado de trabalho vinha sustentando o consumo, o que, por sua vez, pressionava os preços.

Para o BC, os “ganhos reais acima da produtividade” indicam que uma inflexão no mercado de trabalho já está em curso, e pode ser o passo inicial para uma eventual queda da taxa Selic — hoje em 10,50% ao ano. No entanto, as projeções mais recentes apontam para cortes apenas em 2026, mantendo a taxa elevada por um “período bastante prolongado”, nas palavras do presidente em exercício da instituição, Gabriel Galípolo.

Destaques regionais

Do ponto de vista regional, o Estado de São Paulo foi o que mais perdeu em valor absoluto, com queda de R$ 3 bilhões, passando de R$ 104 bilhões para R$ 101 bilhões. No total, oito das 27 unidades da federação registraram retração no indicador.

Em contraste, o Rio de Janeiro teve a maior alta, com um acréscimo de R$ 1,9 bilhão. A Bahia também apresentou desempenho positivo, com um leve aumento de R$ 100 milhões entre os dois trimestres.

Sobre o indicador

A massa de rendimento real habitual é calculada com base na soma dos rendimentos brutos das pessoas ocupadas, considerando todos os trabalhos exercidos na semana de referência da pesquisa, e já ajustada pela inflação — medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).