ECONOMIA


Economista estima crescimento de mais 0.9 no PIB até 2026 com consignado CLT

Especialistas ponderam, porém, que pode haver alta nos juros

Foto: Reprodução/redes sociais

 

A economia brasileira, mesmo enfrentando a maior taxa de juros em duas décadas, tem potencial para crescer mais de 2% neste ano e no próximo. Esse cenário de otimismo é impulsionado pelo crédito consignado para trabalhadores do setor privado e pela ampliação da isenção do Imposto de Renda, de acordo com especialistas. As medidas, no entanto, podem dificultar o esforço do Banco Central em controlar a inflação, criando um ambiente de tensão entre política fiscal e monetária.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, projeta que o crédito consignado com garantia do FGTS pode adicionar 0,9 ponto percentual ao PIB até 2026. Espera-se que as concessões de crédito nessa modalidade cresçam de R$ 2 bilhões para R$ 10 bilhões mensais até o final do próximo ano. Além disso, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000 pode contribuir com outro 0,5 ponto percentual ao PIB. No entanto, a preocupação é que esses estímulos elevem a taxa de juros neutra, forçando o Banco Central a manter a Selic alta.

Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, destaca que essas medidas fiscais mantêm a taxa de juros neutra em um nível elevado, estimado em 8%. Isso ocorre porque, apesar dos juros altos, a economia não desacelera como esperado, devido aos incentivos fiscais. Ele observa que a PEC da Transição adicionou R$ 150 bilhões anuais às despesas, o que inclui benefícios sociais, questionando como a economia desaceleraria com tal impulso fiscal.

Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas, ressalta que o governo Lula utilizou o fiscal para evitar uma desaceleração econômica, apesar da “herança” de gastos do governo anterior. O Boletim Focus indica uma inflação de 4,5% para o próximo ano, no teto da meta de 3% do Banco Central, com intervalo de tolerância. As informações são da Folha de S.Paulo.