ECONOMIA


Cacau e derivados de petróleo na BA terão impacto direto do tarifaço de Trump; comércio prevê demissões

Efeitos de sobretaxa anunciada pelo governo dos EUA poderão ocasionar redução de renda e do poder de compra da população

Foto: Feijao Almeida/GOVBA

A sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump ao Brasil deve impactar diretamente as exportações do cacau baiano, derivados de petróleo e pneus —produtos que compõem parcela expressiva da pauta comercial do estado. No médio e no longo prazo, caso a medida do governo dos EUA se estenda, seus efeitos irão pressionar preços, o que afetará toda a cadeia econômica, com consequente redução de renda e do poder de compra da população.

A projeção é foi feita por meio de um comunicado divulgado nesta terça-feira (15) pela Fecomércio-BA (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia), que diz acompanhar com preocupação os desdobramentos do tarifaço de Trump a vigorar a partir de 1º de agosto. Ainda não há, porém, uma estimativa de prejuízos para o varejo e o comércio, apesar do possível cenário de demissões.

Para a entidade, no entanto, trata-se de uma medida com potencial para abalar de forma significativa as relações comerciais entre os dois países, representando uma perda para ambos os lados, “afetando especialmente o comércio e os consumidores”

“Do ponto de vista econômico, a medida revela-se incompreensível, considerando o histórico de desequilíbrio nas relações de troca, tradicionalmente favoráveis aos Estados Unidos, que exportam mais ao Brasil do que importam. Essa distorção de fundamentos cria entraves às negociações, uma vez que não se observa uma condição clara a ser debatida numa mesa de negócios”, diz Guilherme Dietze, consultor econômico da federação.

Dietze afirma que a disputa é influenciada por motivações ideológicas, em detrimento da racionalidade econômica.

“É um equívoco permitir que interesses ideológicos se sobreponham às relações econômicas, sobretudo diante de um histórico de cooperação sólida e respeitosa entre os dois países. Caso a taxação adicional seja efetivada, produtos brasileiros — em especial commodities —, poderão perder competitividade no mercado norte-americano. Isso poderá acarretar desinvestimentos e demissões em diversas regiões do país, incluindo a Bahia”, avalia Kelsor Fernandes, presidente da Fecomércio-BA.

Em seu comunicado, a entidade diz esperar que o bom senso prevaleça e que a proposta de taxação de Trump seja revista como resultado de um esforço diplomático assertivo por parte do Brasil.

“Ainda há tempo, até o início de agosto, para que a diplomacia e os representantes comerciais de ambos os países busquem uma solução pragmática, desprovida de ideologias. Afinal, por trás dessa medida injustificada encontram-se micro, pequenas e médias empresas do comércio de bens, serviços e turismo da Bahia, que sofrerão impactos diretos e indiretos, sem qualquer respaldo técnico ou econômico que justifique tal penalização”, afirma a federação no texto.