BAHIA


Maior traficante de aves do país e outras 23 pessoas são denunciadas pelo MP-BA

Grupo é acusado de movimentar quase R$ 500 mil e negociar até mil pássaros por vez

Foto: Divulgação

 

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou Weber Sena de Oliveira, conhecido como “Paulista”, apontado como o maior traficante de aves silvestres do país, além de outras 23 pessoas que, segundo as investigações, integravam uma rede interestadual de tráfico de animais. O grupo também é acusado de lavagem de dinheiro, receptação qualificada e maus-tratos. Weber foi preso em flagrante em janeiro deste ano com 135 aves transportadas ilegalmente na BR-101, próximo a Itabuna.

De acordo com o MP-BA, o esquema atuava na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, com a participação de 14 fornecedores, cinco receptadores, três transportadores e uma operadora financeira. Em apenas seis meses de 2023, quase R$ 500 mil foram movimentados nas contas de Ivonice Silva e Silva, companheira de “Paulista” e responsável por receber valores referentes às entregas, que chegavam a ultrapassar mil pássaros em uma única remessa.

As apurações revelam que parte expressiva das transferências bancárias partia de Magé (RJ), cidade onde mora Valter Nélio, o “Juninho de Magé”, também denunciado por lavagem de dinheiro. Entre as aves traficadas estavam espécies como estevão, canário, papa-capim, trinca-ferro, azulão e pássaro preto. A captura ocorria por meio de armadilhas e redes com até 20 metros, capazes de prender até 500 animais por dia. Há registros de vendas que chegaram a R$ 80 mil.

Os investigadores identificaram que as aves eram mantidas em cativeiros provisórios, sem alimentação adequada, aguardando o transporte feito por “Paulista” em carros e caminhões. Segundo a promotora Aline Salvador, da Promotoria Regional de Meio Ambiente, dados da Renctas indicam que 90% dos animais capturados não sobrevivem ao transporte devido aos maus-tratos e às condições precárias.

A rota da organização criminosa foi mapeada com base em 31 manchas de calor que evidenciam a recorrência das apreensões entre o sudeste da Bahia, o nordeste de Minas Gerais e o Rio de Janeiro. As denúncias apresentadas agora decorrem da segunda etapa da operação “Fauna Protegida”, deflagrada no final de outubro nos três estados.