JUSTIÇA


Fux vota pela absolvição de Bolsonaro dos cinco crimes da trama golpista

Segundo o ministro, não há provas suficientes para condenar o ex-presidente

Foto: Marcos Corrêa/PR

 

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu da trama golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.

O ministro rejeitou integralmente a acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão queria a condenação do ex-presidente pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. A pena poderia chegar a 30 ano
s de prisão.

Apesar do entendimento do ministro, o placar pela condenação de Bolsonaro e mais sete réus está 2 votos a 1. Os votos pela condenação foram feitos na terça-feira (9) pelos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Faltam os votos dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que formam a Primeira Turma do STF.

Na leitura do voto, Fux disse que a PGR “adotou uma narrativa desprendida dos fatos”. Segundo ele, os atos praticados por Bolsonaro quando ele estava no cargo não podem ser entendidos como crimes.

“Resta fora dos limites semânticos do tipo penal, o comportamento do mandatário que se encontra no exercício do cargo, mas viola os deveres limites a ele inerentes, com o intuito de perpetuar-se no poder, o chamado autogolpe”, afirmou.

Ao citar sobre a minuta do golpe, o ministro reconheceu que Bolsonaro apenas cogitou medidas e isso não seria o suficiente para punir o ex-presidente.

“Nas reuniões de novembro de 2022, [com as Forças Armadas] houve uma mera cogitação do emprego de medidas de Garantia da Lei e da Ordem, como fruto da irresignação do réu [Bolsonaro] quanto ao insucesso sua representação ao TSE [recurso contra eleições]”, entendeu.

Fux também entendeu que Bolsonaro não pode ser punido pela acusação de uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o monitoramento ilegal de ministros do STF e desafetos políticos.

8 de janeiro

Sobre os atos criminosos do 8 de janeiro, Fux classificou como “ilações” da PGR a suposta ligação de Bolsonaro com os golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. “Esses elementos jamais podem sustentar a ilação de que Jair Bolsonaro tinha algum tipo de ligação com os vândalos que depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023”, declarou.

Para o magistrado, Bolsonaro não pode ser responsabilizado por terceiros. “Não encontra amparo na legislação criminal a pretensão de considerar alguém partícipe de um crime praticado meses ou anos depois por terceiros”, argumentou.

Com informações da Agência Brasil