SAÚDE


Como amizades verdadeiras são essenciais para a saúde mental

Neurocientista explica que boas amizades podem ser excelente remédio para a redução do estresse

Foto: Reprodução/Freepik

 

Estar cercado de boas amizades pode fazer mais pela sua saúde do que muitas receitas de farmácia. Estudos evidenciam que conexões afetivas estáveis diminuem o risco de depressão e ansiedade e melhoram o bem estar. Este tema ganha mais visibilidade no mês de julho, onde se comemora o Dia do Amigo. Um dos estudos mais conhecidos da área, conduzido pela Harvard ao longo de 75 anos, acompanhou mais de 700 pessoas e chegou a uma conclusão marcante: relacionamentos saudáveis são o principal fator para uma vida longa e feliz, superando inclusive dinheiro e fama.

“Quando nos sentimos emocionalmente conectados e aceitos por alguém, o cérebro libera neurotransmissores como a ocitocina e a serotonina, que promovem bem-estar e reduzem os níveis de cortisol, o hormônio do estresse”, de acordo com a psicanalista e neurocientista Ana Chaves.

Em 2023, o Cirurgião-Geral dos EUA, Vivek Murthy, publicou um artigo oficial alertando para uma “epidemia de solidão e isolamento social” com impactos comparáveis ao fumo de 15 cigarros por dia. Segundo o documento, a ausência de conexões profundas pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, comprometimento cognitivo, depressão e morte precoce. “Conexões humanas são tão essenciais quanto alimentação e exercícios”, pontuou Murthy.

Para Ana Chaves, uma rede de apoio em momentos de crise emocional faz toda a diferença. “Conversar com um amigo de confiança pode trazer alívio imediato, ampliar a percepção sobre o problema e impedir o agravamento de estados de sofrimento psíquico. Amizade não é só companhia: é cuidado mútuo.”

Além dos benefícios emocionais, relações saudáveis impactam também o corpo: melhoram a imunidade, reduzem a inflamação e até contribuem para a longevidade. Em contrapartida, o isolamento prolongado já é considerado um fator de risco tão sério quanto obesidade ou tabagismo.

A dica da especialista é valorizar e cultivar vínculos de verdade e com escuta genuína. “Relações superficiais ou tóxicas não produzem os mesmos efeitos positivos. A qualidade do vínculo é mais importante do que a quantidade de amigos. O essencial é saber que existe alguém com quem contar e por quem se pode estar presente também.” conclui Ana Chaves.