SALVADOR


Prefeitura registra casos de vandalismo contra mudas na cidade; ação compromete arborização e prejudica bem-estar

“Nossas equipes têm encontrado mudas quebradas, tutores furtados e, em alguns casos, até o roubo das próprias árvores recém-plantadas. Esses atos, ainda que muitas vezes cometidos por desconhecimento, prejudicam e às vezes impedem o desenvolvimento das árvores e atrasam os benefícios coletivos de uma cidade mais verde”, afirmou.

Foto: Divulgação

 

As equipes técnicas de arborização da Prefeitura de Salvador têm registrado o aumento dos casos de mudas quebradas por ação humana, tutores retirados e até mesmo de furto de exemplares que foram plantados recentemente pela gestão municipal visando ampliar a cobertura verde da cidade. A alta na quantidade de episódios de vandalismo contra as mudas acende um alerta, pois causa prejuízos diretos ao patrimônio público natural, ao meio ambiente e ao bem-estar da população.

Segundo o titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euler, os casos de vandalismo reduzem significativamente o sucesso do programa de arborização urbana e afeta diretamente os benefícios ambientais esperados. “Nossas equipes têm encontrado mudas quebradas, tutores furtados e, em alguns casos, até o roubo das próprias árvores recém-plantadas. Esses atos, ainda que muitas vezes cometidos por desconhecimento, prejudicam e às vezes impedem o desenvolvimento das árvores e atrasam os benefícios coletivos de uma cidade mais verde”, afirmou.

A situação é especialmente crítica em determinados pontos da cidade, como a Avenida Vasco da Gama e a região da Avenida ACM, onde os tutores (varas de madeira que sustentam as mudas em crescimento) chegam a ser retirados poucos dias após reposição, situação já registrada pelo menos três vezes apenas no corredor do BRT.

Sem o tutor, como explica a equipe técnica da Secis, a muda perde estabilidade, balança excessivamente com o vento e pode tombar. Esse movimento força as raízes, expõe o colo da planta ao sol, causa desidratação e compromete o crescimento. “Quando a ponta da muda, o ‘olho’ ou gema apical, é arrancada, ela simplesmente deixa de crescer e pode morrer. Isso nos obriga a refazer o plantio, gerando custos, retrabalho e atraso na arborização dos espaços públicos”, reforça Euler.

Além de ilegais, esses atos trazem prejuízos ambientais e sociais. A destruição de cada muda significa menos sombra e menor conforto térmico, maior formação de ilhas de calor, menor qualidade do ar, redução da biodiversidade urbana, ruas e praças menos bonitas e acolhedoras.“Cada muda destruída é um retrocesso coletivo. Cada muda que cresce é um ganho para toda a cidade. Cuidar das mudas é cuidar de Salvador, garantindo um futuro mais fresco, saudável e sustentável para todos”, destaca Ivan Euler.

João Resch, Diretor do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (Savam), destaca que “o índice de perda está sendo elevado pela falta de sensibilidade de algumas pessoas que não entendem as árvores como um bem para a sociedade em conjunto, a sociedade comum. Então, apesar da maioria da nossa sociedade ter a preocupação com as mudanças climáticas, com o aquecimento global, com o conforto térmico, ainda tem gente que pensa de forma atrasada, um retrocesso. É preciso chamar a atenção para o prejuízo imenso que é a perda da muda e de toda a energia gasta ali, seja da equipe, seja dos insumos, algo que reverbera em toda a sociedade”.

A Secis também lembra que mudas sem tutor ficam vulneráveis a ventos fortes, insolação intensa, pragas, doenças e podem não sobreviver aos primeiros meses, quando ainda estão em fase decisiva de desenvolvimento. A população pode denunciar atos de vandalismo pelo número 156.

Ivan Euler afirma que a Prefeitura seguirá ampliando o programa de arborização, fortalecendo ações de educação ambiental e monitorando áreas críticas, mas reforça que a colaboração da população é essencial: “Precisamos do apoio de cada cidadão e cidadã para que Salvador avance na ampliação de sua cobertura vegetal. Denunciem qualquer tipo de vandalismo. Cada árvore faz diferença”, conclui Euler.