SALVADOR


Devotos se preparam para celebrar tradicional Festa de Santa Bárbara no Pelourinho

Programação conta com tríduo preparatório, missa campal, procissão e homenagens à padroeira do Corpo de Bombeiros

Foto: Bruno Concha/Ascom PMS

 

A Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos realiza, ao longo de dezembro, a tradicional Festa de Santa Bárbara, no Centro Histórico de Salvador. Com o tema “Com Santa Bárbara, de fronte erguida e rosto sereno, testemunhamos Jesus Cristo, nossa Esperança”, a celebração reunirá fiéis na Igreja do Rosário dos Pretos, local que preserva uma das mais antigas expressões da religiosidade negra no país.

O tríduo preparatório ocorrerá nos dias 1º, 2 e 3, com programação diária composta pela reza do Santo Terço, às 17h, e pela Santa Missa, às 18h.

O ponto alto das homenagens à santa, tradicionalmente associada à proteção contra tempestades e trovões, está marcado para 4 de dezembro. As atividades começam às 6h, com a Alvorada de Fogos, seguida da Salva dos Clarins, às 7h. Às 8h, será celebrada a missa campal, que antecede a procissão pelas ruas do Pelourinho, com saída da Igreja do Rosário dos Pretos e passagem por vias como Gregório de Mattos, João de Deus, Terreiro de Jesus, Praça da Sé e Ladeira da Praça.

A parada no Corpo de Bombeiros, na Barroquinha, permanece como momento simbólico do cortejo, em homenagem à padroeira da corporação. De lá, os fiéis seguem em direção à Baixa dos Sapateiros, Rua Padre Agostinho e Pelourinho, encerrando o percurso na igreja. A programação prossegue à tarde, às 15h, com apresentação cultural que reforça o diálogo entre fé, tradição e manifestações artísticas.

Quem é Santa Bárbara

Santa Bárbara, uma das santas mais veneradas no cristianismo, especialmente no Brasil, é símbolo de coragem, fidelidade a Cristo e resistência diante da perseguição. Seu martírio, ocorrido no século III, atravessou séculos e permanece vivo na devoção popular, unindo fé e tradição.

Santa Bárbara nasceu em uma família pagã e era filha de Dióscoro, um homem rico e extremamente rígido. Temendo que a jovem fosse influenciada por ideias externas, ele a manteve reclusa em uma torre. Nesse isolamento, porém, Bárbara conheceu o cristianismo, encantou-se pela mensagem de esperança e decidiu abraçar a fé em Jesus Cristo.

Ao saber que ela havia se tornado cristã, Dióscoro reagiu com violência. Ele a denunciou às autoridades romanas, dando início a um período de torturas e humilhações. Mesmo diante dos castigos, Bárbara manteve-se firme, professando sua fé com serenidade e convicção. Por não renunciar ao cristianismo, foi condenada à morte. O mais marcante na narrativa é que a própria execução foi realizada pelo pai — que, logo após decapitá-la, teria sido atingido por um raio, segundo a tradição. Por isso, Santa Bárbara tornou-se padroeira contra tempestades, raios e trovões.

A devoção à santa espalhou-se rapidamente pelo Oriente e, depois, pelo Ocidente, chegando ao Brasil com os colonizadores portugueses. Em Salvador, sua festa ocupa lugar de destaque no calendário religioso e cultural, reunindo milhares de pessoas no Centro Histórico em celebrações que misturam fé, música, tradição e memória.

Santa Bárbara é representada vestindo túnicas imponentes, segurando uma espada ou uma palma — símbolo do martírio — e uma torre, referência ao período em que foi mantida presa pelo próprio pai. Sua história inspira cristãos a testemunharem Jesus Cristo com coragem e esperança, mantendo viva a convicção de que a fé é capaz de transformar realidades, mesmo nas situações mais desafiadoras.