POLÍTICA


Vice assume governo do Tocantins e exonera 51 cargos do 1º escalão após suspeitas de desvios

Governador Wanderley Barbosa é alvo de investigação sobre desvio de R$ 73 milhões em contratos de cestas básicas

Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

 

O vice-governador do Tocantins, Laurez Rocha Moreira (PSD), assumiu interinamente o comando do estado após o afastamento do governador Wanderley Barbosa (Republicanos), determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na quarta-feira (3). A decisão foi publicada no Diário Oficial poucas horas depois.

Logo ao tomar posse, Moreira exonerou 51 integrantes do primeiro escalão e substituiu os cargos estratégicos por nomes de sua confiança. Entre as mudanças estão a Procuradoria-Geral do Estado, os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, além das presidências de órgãos como Naturatins, Igeprev, ATI-TO e Ageto.

Em entrevista, o governador interino disse que sua gestão terá como prioridade restabelecer a confiança da sociedade e dos investidores. “A falta de transparência abre espaço para a corrupção. O que queremos é justamente o contrário, um governo aberto, em que todos tenham acesso às informações e possam acompanhar cada passo da administração”, declarou.

Investigações

Barbosa é investigado pela Polícia Federal em um suposto esquema de desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia, entre 2020 e 2021. Apenas em contratos envolvendo cestas e frango congelado, avaliados em R$ 97 milhões, o prejuízo pode ter alcançado R$ 73 milhões.

A decisão do afastamento foi proferida pelo ministro Mauro Campbell, relator do caso no STJ, e confirmada por unanimidade pela Corte Especial. Ele também proibiu Barbosa e sua esposa, Karynne Sotero Campos, de exercer cargos públicos e de acessar repartições estaduais por, no mínimo, 180 dias.

Em sua defesa, Barbosa alega que os pagamentos ocorreram quando ainda era vice-governador, durante a gestão de Mauro Carlesse, e que não era ordenador de despesas. “Acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de governador, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça”, afirmou em nota.

O ministro Mauro Campbell, no entanto, apontou indícios de que o esquema foi mantido e fortalecido já sob o comando de Barbosa. Segundo ele, o governador afastado transformou o Executivo estadual em “um verdadeiro balcão de negócios”.