POLÍTICA


Rui Costa causa mal-estar em reunião com líderes da Câmara sobre decreto do IOF, diz coluna

Encontro ocorreu na casa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB); iniciativa partiu da ministra Gleisi Hoffmann

Ailton Fernandes/Casa Civil

 

Uma reunião de articulação política, que tinha como objetivo evitar a derrubada do decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), acabou gerando atrito entre o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e líderes da Câmara dos Deputados.

O encontro, que ocorreu na última segunda-feira (16) na casa de Hugo Motta (Republicanos-PB), foi uma iniciativa da ministra de Relações Institucionais do governo federal, Gleisi Hoffmann, diante da ausência do presidente Lula (em viagem) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (em férias).

De acordo com a coluna Radar da Veja, o ex-governador da Bahia, conhecido por seu estilo “sincerão”, optou por uma abordagem inusitada. Em vez de pedir apoio, Rui Costa cobrou os parlamentares e atribuiu ao próprio Legislativo o aumento de gastos da gestão petista, alegando que leis aprovadas no Congresso seriam as responsáveis pelo descontrole fiscal no país. Ele citou como exemplos a aprovação da desoneração de setores da economia, o piso da enfermagem e até matérias relacionadas à Previdência. “O Congresso precisa ser mais responsável”, teria dito Costa aos líderes.

A postura do ministro não foi bem recebida por Hugo Motta e pelos demais líderes. Costa foi lembrado de que o próprio PT não só foi favorável a algumas das leis que ele citou, como foi autor, no caso do piso da enfermagem, de uma proposta aprovada no governo passado.

Líderes ouvidos pela coluna relataram que esperavam de Costa “um pouco de humildade”, mas que não foi o que receberam. “Rui foi extremamente infeliz”, comentou um deles.

Em um tom de provocação, o líder do MDB, Isnaldo Bulhões, insinuou que Costa teria o hábito de “não conversar com políticos e só aparecer quando precisa”. Na oportunidade, recebeu o petista com um caloroso: “Ministro, que saudade do senhor!”.

Costa também foi cobrado por sua ausência na reunião do dia 7 de junho, também na casa de Motta, onde as medidas do governo para salvar o decreto do IOF foram inicialmente discutidas. “Mostra a importância que o chefe da Casa Civil dá ao tema”, ironizou um líder.

A “postura arrogante” de Costa, como classificada por um dos líderes, teria contribuído para que o texto que acelera a derrubada do decreto de Lula ganhasse ainda mais força. Horas após o encontro, a Câmara dos Deputados aprovou, por 346 votos, a urgência para a tramitação do projeto que visa suspender os efeitos do decreto do IOF.