POLÍTICA


Presidente dos Correios deve deixar cargo após Rui Costa pressioná-lo por demissões na estatal, diz coluna

Ministro da Casa Civil afirma que nunca defendeu desligamentos e se diz favorável à “racionalização dos gastos” da empresa

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, deve deixar o comando da estatal após pressão do ministro Rui Costa (Casa Civil). A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a publicação, Fabiano já preparou uma carta colocando o cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antecipando sua possível saída. O mandato dele se encerra em agosto, e caberia ao presidente decidir por sua recondução.

Fabiano relatou a diretores da estatal que Rui Costa o exigiu a execução de um plano que prevê o fechamento de agências em todo o país, com o objetivo de gerar uma economia de cerca de R$ 1 bilhão. A medida se somaria à redução de R$ 800 milhões já prevista com o Plano de Demissão Voluntária (PDV) em curso, que deve resultar na saída de cerca de 4 mil funcionários.

O fechamento das agências, segundo cálculos internos, pode levar à demissão de até 10 mil trabalhadores, o que Fabiano rejeita. Ele defende a manutenção da expansão em áreas de vulnerabilidade social — apenas no Rio de Janeiro, mais de 50 comunidades receberam novas agências recentemente.

Procurado, o ministro Rui Costa afirmou, por meio de sua assessoria, que nunca defendeu demissões em massa seria a favor de promover uma “racionalização dos gastos” da empresa. Nos bastidores, porém, interlocutores do ministro admitem que o governo deseja mudanças profundas para conter o rombo financeiro da estatal.

Em 2023, os Correios fecharam o ano com prejuízo de R$ 2,6 bilhões, atribuído à queda nas receitas após a mudança nas regras de importação sobre compras internacionais — a chamada “taxa das blusinhas”.

Mesmo enfrentando dificuldades financeiras, os Correios continuam a despertar interesse político. O União Brasil é uma das siglas que cobiçam o comando da empresa, que obteve um empréstimo do Banco dos Brics e prevê um plano de investimentos de R$ 5 bilhões para os próximos anos.