POLÍTICA


Lula dividiu palco e cumprimentou suspeitas de tráfico em favela de SP

Presa na segunda (9), uma das mulheres é irmã de Leo do Moinho, chefe do PCC; Secom diz que “quem tiver cometido crime deve responder à Justiça”

Lula divide palco com Alessandra Moja Cunha (à esq., com blusa preto e branco) e Yasmin Moja Flores (ao lado de Lula, também de preto e branco) – Imagem: Rreprodução/Youtube Canal Gov)

 

O presidente Lula (PT) dividiu o palco e cumprimentou Alessandra Moja Cunha e Yasmin Moja Flores, em julho deste ano, durante um evento na favela do Moinho, em São Paulo, em junho deste ano. As duas foram presas preventivamente nesta segunda-feira (8) por suspeita de tráfico de drogas e extorsão contra moradores da comunidade, que fica na região central de São Paulo.

Alessandra Moja é irmã de Leonardo Moja, o Leo do Moinho, acusado de ser o chefe do tráfico de drogas do PCC (Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou que “associações locais são formadas e escolhidas pelos próprios moradores e constituem pontos naturais de contato com o poder público.”

O texto diz também que “quem tiver cometido crime deve responder à Justiça” (leia mais abaixo).

De acordo com o Ministério Público, Alessandra transmitia as informações sobre os acontecimentos dentro da favela e recebia ordens de dentro da prisão.

A agenda no qual Lula esteve leadeado das duas suspeitas ocorreu em 26 de junho e foi organizada para firmar um acordo de moradia às cerca de 900 famílias que moravam na Favela do Moinho.

Lula estava acompanhado pelos ministros da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; das Cidades, Jader Filho; da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo presidente da Caixa Econômica, Carlos Vieira.

Em certo momento de seu discurso, Flávia Maria da Silva, que participava da cerimônia como líder comunitária, pediu autorização a Lula para receber no palco três parceiras dela, ali apresentadas também como representantes da comunidade. “Sou eternamente grata à nossa equipe, Yasmin, Alessandra e Janine. Somos quatro mulheres de orgulho para o Moinho, porque nós lutamos até o fim, não abandonamos vocês. E, se possível, se o presidente Lula autorizar que a Yasmin, a Alessandra e a Je venham aqui para a gente apresentar rapidinho”, disse Flávia.

No momento em que a plateia gritava “mulheres unidas jamais serão vencidas”, Lula cumprimentou Alessandra e as outras mulheres, e em seguida iniciou sua fala.

“A gente resolveu fazer reparação e Justiça com vocês. O que mais me incomodou foi quando a ministra Miriam Belchior junto com a Esther me procuraram para dizer que tinha matéria nos jornais de São Paulo dizendo que o governo federal estava protegendo gente do crime organizado. Porque, na cabeça de muita gente da elite brasileira, pobre e gente que mora em favela é sempre considerado bandido”, afirmou o presidente.

Após a prisão de Alessandra, o vídeo dela ao lado de Lula viralizou nas redes sociais.

Em nota, a assessoria do presidente disse que “a interlocução com o presidente (durante a visita à Favela do Moinho) se deu por meio de Flavia Maria da Silva, liderança designada pela comunidade como porta-voz, com trajetória reconhecida e idônea” e que “quem tiver cometido crime deve responder à Justiça”.

“A agenda do presidente da República na Favela do Moinho, em São Paulo, teve caráter institucional e público, voltado à escuta da comunidade e ao anúncio de políticas públicas em uma das regiões mais vulneráveis da cidade”, afirma o comunicado.

“A interlocução com representantes comunitários é uma prática essencial de qualquer governo que atue com políticas públicas voltadas à inclusão, à moradia e à promoção da dignidade. Associações locais são formadas e escolhidas pelos próprios moradores e constituem pontos naturais de contato com o poder público”, encerra a nota.