POLÍTICA


Lula critica tarifa dos EUA e diz que interferência na Justiça brasileira é ‘inaceitável’

Presidente também prestou solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes, alvo de sanção norte-americana

Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou nesta quarta-feira (30) sobre a decisão dos Estados Unidos de ampliar sanções contra o Brasil. Em nota publicada nas redes sociais, Lula classificou como “inaceitável” a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira e criticou as novas tarifas sobre exportações brasileiras, que agora chegam a 50%.

A medida foi oficializada por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump. O documento amplia as tarifas sobre uma série de produtos brasileiros e inclui o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, instrumento usado para punir estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos.

“O Brasil é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes”, escreveu Lula. “É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”, escreveu o presidente na rede social X.

Lula também afirmou que as sanções são resultado de pressões internas articuladas por brasileiros que atuam contra o próprio país. “O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses”, disse.

Para o petista, a independência do Judiciário é um dos pilares da democracia. “Qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia”, ponderou.

“No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais”, acrescentou na nota divulgada.

Sobre a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, Lula apontou motivação política e destacou que o país já acumula déficit comercial com os EUA. “O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras.”

“O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação”, concluiu. “Já iniciamos a avaliação dos impactos das medidas e a elaboração das ações para apoiar e proteger os trabalhadores, as empresas e as famílias brasileiras.”