POLÍTICA


Lula compara situação do Brasil pós-Bolsonaro à destruição em Gaza e intensifica críticas a Israel

Presidente, em entrevista, citou a extinção de pastas voltadas à promoção social e à diversidade cultural durante a gestão anterior

Ricardo Stuckert/PR

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista ao podcast Mano a Mano, apresentado pelo rapper Mano Brown, comparou nesta quinta-feira (19) a situação do Brasil herdado do governo Jair Bolsonaro (PL) à destruição vivida pela Faixa de Gaza, alvo de ataques constantes no conflito entre Israel e o Hamas.

“Quando chegamos aqui pegamos um país semidestruído. De vez em quando olho para a destruição na Faixa de Gaza e eu fico imaginando o Brasil que encontramos”, afirmou Lula, em um episódio gravado no último domingo (15), mas divulgado hoje.

No trecho da entrevista, o presidente petista citou a extinção de pastas voltadas à promoção social e à diversidade cultural durante a gestão anterior. “Aqui a gente não tinha mais Ministério do Trabalho, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, da Cultura”, disse.

Segundo Lula, o desmonte dessas estruturas governamentais, que tinham foco na inclusão social, foi deliberado. “Tinha sido uma destruição proposital, ou seja, o presidente [Bolsonaro] não gostava de nenhum ministério que poderia ser uma alavanca de organização da sociedade. Para que cultura, se cultura politiza a sociedade?”, afirmou.

O petista ainda reiterou a acusação de que o ex-presidente Bolsonaro negava os princípios democráticos. “Ele [Bolsonaro] negava a democracia. O Brasil precisa reconstruir isso.”

A comparação com Gaza ocorre em um momento em que Lula tem intensificado o tom crítico contra Israel no plano internacional. Desde o início do conflito, o presidente tem acusado o governo israelense de praticar um “genocídio” contra o povo palestino e tem reiterado a necessidade da criação de um Estado da Palestina.

Em discurso ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, no início de junho, Lula defendeu mudanças no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que a organização “não pode ser a mesma de 1945”, justamente pela incapacidade de reagir a tragédias como a de Gaza.

Na Cúpula do G7, realizada nesta semana no Canadá, Lula voltou a abordar o tema. Ao mencionar os conflitos na Ucrânia e no enclave palestino, ele afirmou que “nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra”.