POLÍTICA


Hugo Motta enfrenta crise na Câmara em meio a desgaste com governo, oposição e STF

Presidente se vê pressionado por críticas de diferentes grupos políticos e sob suspeita de desagradar aliados e adversários

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta uma semana de crise dentro da Casa, lidando com fortes críticas internas de parlamentares, além de ter colocado a Câmara em rota de colisão com o Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são da CNN Brasil.

Lideranças de partidos afirmam que Motta busca se equilibrar em diversos grupos, no entanto, acaba gerando um descontentamento em diversas frentes.

De acordo com a matéria, o ex-presidente da Casa, Arthur Lira, padrinho de Motta à presidência da Câmara, já fala em “decepção” nos bastidores.

Em falas para a CNN Brasil, caciques da esquerda e da direita afirmaram não apoiar uma recondução de Motta ao comando da Casa, se a eleição interna fosse hoje.

Membros do governo dizem que Motta trabalha contra a gestão de Lula dentro da Câmara, especialmente após a aprovação do projeto da dosimetria. No outro lado, a oposição diz não ser contemplada pelo presidente da Casa.

Aliados de Motta, no entanto, afirmam que o presidente sempre leva as matérias para serem debatidas em reuniões com os líderes, não havendo qualquer benefício para determinado grupo.

O entorno de Motta tem demonstrado preocupação com a forma em que ele está se saindo com essa postura, especialmente diante da persistência da polarização política e da antecipação da corrida eleitoral ao Planalto.

A relação de Motta com o governo se estremeceu ainda mais com a aprovação do PL da Dosimetria, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além do conteúdo do projeto, a decisão de Motta de pautar a matéria após ficar horas reunido com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), sem citar a intenção de votar a dosimetria, causou espanto entre os governistas, que chegaram a falar em “traição”.

Em outra sessão, a Câmara rejeitou cassar Carla Zambelli (PL-SP) — decisão anulada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) — e decidiu apenas suspender por seis meses o mandato de Glauber Braga (Psol-RJ).

A votação dos casos foi anunciada na véspera por Motta, pegando os parlamentares de surpresa. A esquerda e a direita afirmam que o presidente da Casa queria ver ambos cassados, tendo sido, na avaliação das lideranças políticas, o “grande derrotado”.

A análise do caso de Braga durou cerca de quatro horas. Quando chegou o momento do caso de Zambelli, o quórum já era mais baixo. Lideranças deixaram plenário afirmando que havia “desarmonia” com Motta.