POLÍTICA


Haddad diz que eleição de 2026 será decidida por ‘agenda cultural mais ampla’, não pela economia

Segundo ministro, essa "agenda" envolve temas ligados aos costumes e à segurança pública

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que indicadores econômicos como crescimento do PIB, geração de empregos e aumento da renda das famílias não serão os principais fatores determinantes nas eleições presidenciais de 2026. Em entrevista ao jornal O Globo, Haddad avaliou que a disputa será travada no campo de uma “agenda cultural mais ampla, que transcende a questão econômica”.

Segundo o ministro, essa “agenda” envolve temas ligados aos costumes e à segurança pública. “Começou-se a falar de aborto sem que ninguém tivesse proposto mudar a legislação. As minorias passaram a ser perseguidas, a maioridade penal ganhou destaque, e a questão religiosa foi politizada. A economia é importante, sempre foi, mas não será o único fator decisivo numa eleição”, declarou.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem enfrentado queda nos índices de aprovação, conforme mostram pesquisas recentes. De acordo com reportagem do Estadão, a estratégia de apostar em programas sociais para reverter esse cenário pode não ser suficiente, já que o chamado “voto econômico” teria perdido força frente a questões identitárias e culturais.

Haddad também comentou sobre a possibilidade de Lula não concorrer à reeleição, classificando essa hipótese como “fora de cogitação”. “Estamos a um ano do início do processo eleitoral. É muito pouco tempo para uma mudança dessa natureza. Não vejo como rever essa provável decisão”, afirmou. O ministro disse ainda não ter intenção de disputar a Presidência em 2026: “O presidente nunca me perguntou sobre isso.”

Ao ser questionado sobre eventuais desentendimentos com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, Haddad minimizou as diferenças: “Não vejo problema em divergir.” Ele também relativizou as críticas feitas no início do governo pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), hoje ministra da Secretaria de Relações Institucionais, à política fiscal. “No começo, tínhamos duas linhas um pouco diferentes, mas isso foi se ajustando. A Gleisi, na presidência do PT, divergia. Agora, dentro do governo, tem buscado ajudar. Quem não convive com adversidade não está preparado para a vida pública.”

Haddad reforçou ainda seu apoio à continuidade de Geraldo Alckmin (PSB) como vice de Lula em uma eventual candidatura à reeleição. “Foi uma decisão acertada em 2022 e seria natural mantê-la. Significou muito naquela eleição e continua significando hoje”, afirmou.