POLÍTICA


Glauber Braga acusa Câmara de ‘violência’ após ser retirado da Casa; Motta fala em ‘abuso’

Deputado do PSOL, que pode ter mandato cassado, compara tratamento dado a ele e a bolsonaristas que ocuparam a Mesa em agosto

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Após ocupar e ser retirado da cadeira da Presidência da Câmara na terça-feira (9), o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) conversou com a imprensa e classificou a ação como “violenta”.

“A que preço, Hugo Motta, precisava disso aqui? Precisava atacar as deputadas? Precisava de uma ação violenta e forçada. O senhor sempre quis demonstrar que é um ponto de equilíbrio entre forças diferentes. Isso é uma mentira. Com os golpistas, sobrou docilidade. Com quem não entra no jogo deles, é porrada”, declarou o parlamentar.

Braga se refere à ocupação de deputados bolsonaristas em agosto deste ano, quando ficaram cerca de 30 horas na mesa da diretora do plenário após o anúncio da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“A única coisa que pedi ao presidente da Câmara, Hugo Motta, foi que ele tivesse 1% do tratamento para comigo que teve com aqueles que sequestraram a mesa diretora da Câmara por 48 horas, por dois dias, em associação com o deputado que estava nos Estados Unidos conspirando com o nosso país. Ali, sobrou negociação e diálogo. Em nenhum momento foi cogitada a possibilidade de retirada à força daqueles deputados pela Polícia Legislativa”, disse Glauber.

Posicionamento de Motta

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a atitude de Glauber como “desrespeitosa à própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo”. Ele ainda determinou que seja apurada a conduta da segurança com a imprensa.

“A cadeira da Presidência não pertence a mim. Ela pertence à República, pertence à democracia, pertence ao povo brasileiro. E nenhum parlamentar está autorizado a transformar em instrumento de intimidação ou desordem. O Deputado pode muito, mas não pode tudo. Na democracia ele pode tudo dentro da lei e dentro do regimento. Fora disso, não é liberdade, é abuso. O presidente da Câmara não é responsável pelos atos que levaram determinadas cassações ao plenário, mas é, sim, responsável por garantir o rito, a ordem e o respeito à instituição”, disse Motta durante sessão da Câmara.

Cassação de Glauber

O deputado Glauber Braga pode ter seu mandato cassado nesta quarta-feira (10) por conta de uma denúncia apresentada pelo Partido Novo em abril de 2024. A sigla diz que o parlamentar agrediu fisicamente um membro do Movimento Brasil Livre (MBL), identificado como Gabriel Costenaro, e o deputado Kim Kataguiri (União-SP), dentro das dependências da Câmara.

De acordo com vídeos e relatos, Braga e Costenaro trocavam farpas em um dos anexos da Casa, quando o embate evoluiu para empurrões e chutes do parlamentar contra o militante, em uma tentativa de retirá-lo à força das dependências da Câmara.

Glauber conseguiu expulsar Costenaro da Câmara, porém, a briga continuou, precisando ser apartada por policiais legislativos, que levaram os dois para prestar depoimento no Departamento de Polícia Legislativa (Depol) da Casa.

Na Depol, Braga passou a discutir com o também deputado Kim Kataguiri (União-SP), que é um dos fundadores do MBL.

O deputado do Psol alega que as agressões contra o membro do MBL foi uma “reação a provocações sistemáticas”, afirmando que Gabriel teria “ofendido a honra de sua mãe”, que faleceu algumas semanas após a briga.