POLÍTICA


Deputados bolsonaristas ocupam Mesa da Câmara e paralisam sessão em protesto por anistia e impeachment de Moraes

Oposição classifica ação como 'sequestro do Parlamento' e 'ato criminoso'

Foto: Reprodução/redes sociais

 

 

Deputados federais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocuparam a Mesa Diretora, nesta terça-feira (5), para impedir o início da sessão no plenário da Câmara Federal. A ideia do grupo é permanecer sentado nas cadeiras até que se aprove uma anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a proposta de emenda à Constituição do fim do foro privilegiado.

“Não sairemos daqui até os presidentes de ambas as Casas busquem uma solução de pacificar o Brasil”, disse o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).

Desde o início da tarde o grupo, de cerca de 15 parlamentares, ocupa a Mesa, sentados com esparadrapo na boca. A ação impediu o andamento das discussões que estavam previstas para hoje na Casa.

A iniciativa dos deputados bolsonaristas acontece um dia após a prisão domiciliar de Bolsonaro, que foi determinada por Moraes. Na decisão, o magistrado afirma que o ex-presidente utilizou as redes sociais de aliados, entre eles os três filhos, para divulgar mensagens com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.

Oposição critica e classifica como ‘ato criminoso’

Durante um pronunciamento à imprensa, a deputada Erika Hilton (PSOL) criticou a tentativa da base bolsonarista de paralisar os trabalhos legislativos e afirmou que a Câmara está sendo usada para atender os interesses da família Bolsonaro.

“Apesar dos horrores que estamos presenciando agora no plenário da Câmara dos Deputados, um verdadeiro sequestro do Parlamento pela extrema-direita, o que vemos é uma ala tentando impor os interesses de uma família, de uma única pessoa: o ex-presidente da República, que articulou um golpe contra a democracia e planejou até assassinatos de autoridades como o presidente e o vice-presidente”, afirmou Erika Hilton.

A parlamentar classificou o movimento como um “ato criminoso”. “O que a extrema-direita faz, neste momento, é assinar a cumplicidade com o golpe e dizer que o Parlamento deve parar enquanto as instituições democráticas não se curvarem às exigências de Jair Messias Bolsonaro”, disse.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, também criticou a ação do grupo, o que classificou de “sequestro da Mesa do Parlamento”. “A palavra para dizer o que houve aqui foi um sequestro da Mesa do Parlamento. É um ataque violento ao Parlamento. Todas as instituições estão sendo ameaçadas neste momento”, disse.

“Estamos esperando o presidente da Casa para reestabelecer os nossos trabalhos. Não vamos aceitar. Estamos à espera do presidente. Os deputados que ocuparam esse espaço podem e devem ser responsabilizados no Conselho de Ética, inclusive”, acrescentou o líder do PT na Câmara.

O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), está na Paraíba e seguiria para o Ceará, mas deve retornar a Brasília no início da noite de hoje.