POLÍTICA


Delator do orçamento secreto, José Rocha manejou sozinho R$ 152 mi em esquema, diz coluna

Segundo publicação, deputado ignorou acordo e concentrou os valores em 84 cidades da Bahia, sua base eleitoral; parlamentar nega destinação

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

 

O deputado federal José Rocha (União-BA) direcionou sozinho R$ 152 milhões do orçamento secreto, segundo reportagem da coluna de Andreza Matais, do portal Metrópoles.

Segundo a publicação, os recursos deveriam ser repartidos de forma acordada com líderes partidários, mas o deputado ignorou o acerto e concentrou os valores em 84 cidades da Bahia, sua base eleitoral.

José Rocha é o principal delator da investigação do Supremo Tribunal Federal que apura a destinação irregular de emendas parlamentares no Congresso. Em depoimento à PF, ele acusou o deputado Arthur Lira (PP-AL) de usar o orçamento secreto para beneficiar Alagoas.

O MundoBA procurou o deputado e aguarda um posicionamento. Ao Metrópoles, José Rocha questionou a integridade dos documentos ao qual a coluna teve acesso e negou que tenha usado o seu cargo de presidente da Comissão de Integração para destinar emendas a seu favor.

Segundo ele, a tentativa de envio de R$ 152 milhões é uma “invenção de quem tem culpa no cartório”.

Sobre os valores destinados à Bahia, ele negou responsabilidade e disse que “não tinha competência” para distribuir as emendas da comissão porque “todas elas eram comandadas pelo presidente da Casa, Arthur Lira”.”

A coluna do Metrópoles diz que a lista encaminhada unilateralmente por Rocha para o governo tinha apenas 34 cidades fora da Bahia.

À época, diz a reportagem, José Rocha presidia a comissão de Integração Nacional da Câmara e usou essa condição para alocar a maior parte das emendas de comissão para seu próprio reduto eleitoral em detrimento de todos os estados do Brasil. No total, foram R$ 88 milhões somente para a Bahia de um bolo de R$ 152 milhões.

Conforme o Metrópoles, o “bypass” foi identificado pela assessora parlamentar Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, responsável por organizar as planilhas de emendas.

Chefe de Tuca à época, Lira acionou o governo para desfazer a iniciativa do colega. Mesmo assim, o deputado conseguiu direcionar R$ 53 milhões, valor bem acima dos demais colegas que, em média, indicaram em 2024 R$ 11 milhões de orçamento secreto.

Na última sexta-feira (12), o ministro Flávio Dino usou o depoimento de José Rocha para justificar busca e apreensão de documentos na casa de Tuca e na sala ocupada por ela na presidência da Câmara. Nenhum deputado foi alvo da ação.