POLÍTICA


Crise no Congresso: Alcolumbre critica mobilização de aliados de Bolsonaro; Motta antecipa retorno à Brasília

Presidente da Câmara chegou a ligar para líder do PL na Casa para pedir desocupação por parlamentares, mas teve solicitação negada

Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

A intensificação dos protestos de deputados bolsonaristas no Congresso Nacional obrigou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a antecipar o retorno dele à Brasília. O parlamentar teria uma agenda em Fortaleza (CE), nesta quarta-feira (6), mas cancelou a participação. O motivo do retorno repentino foi a ocupação das mesas diretoras da Câmara e do Senado por parlamentares da oposição, que reagiram à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de determinar a prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no contexto da investigação sobre tentativa de golpe de Estado.

Além da ocupação do plenário, líderes de partidos de centro-direita também começaram a se articular para pressionar a cúpula do Congresso a reagir à medida judicial, a exemplo do União Brasil e do PP. Deputados e senadores contrários à decisão do STF pretendem manter a ocupação por tempo indeterminado, com um rodízio de seis horas entre os parlamentares — três de ocupação e três de descanso. A paralisação só será interrompida, segundo eles, caso seja agendada uma reunião conjunta com Motta e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado.

A aliados, Alcolumbre manifestou irritação com o movimento. Segundo interlocutores ouvidos pelo G1, ele classificou a ocupação como uma tentativa de chantagem institucional e acusou o grupo bolsonarista de querer “emparedar o Legislativo” para forçar o avanço de pautas como o impeachment de Alexandre de Moraes, a anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e o fim do foro privilegiado. “Essa ação não é democrática”, afirmou um aliado próximo de Alcolumbre. Para o presidente do Senado, o único caminho legítimo para o debate é o consenso entre líderes partidários, dentro das regras da democracia.

Pedido negado

A situação levou Hugo Motta a entrar em contato com o líder do PL na Câmara, deputado Sostenes Cavalcante (RJ), para pedir a desocupação da Mesa Diretora. O liberal, no entanto, recusou o apelo e reforçou que a mobilização só seria desfeita após reunião presencial e reservada com os dois presidentes.