POLÍTICA


Rui Costa ‘sabia do problema’ no INSS antes de escândalo vir à tona, diz chefe da CGU

Vinicius Carvalho afirmou que seguiu a orientação do presidente Lula de ser “intolerante com fraudes, desvios e corrupção”

Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, afirmou que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tinha pleno conhecimento dos indícios de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) antes da operação que trouxe o escândalo à tona.

A declaração, feita em entrevista ao jornal O Globo, contradiz a versão sustentada por integrantes do governo federal, que tentaram atribuir à CGU a responsabilidade por uma suposta falha de comunicação que teria surpreendido o Planalto.

“A informação de que as pessoas não sabiam não procede. O ministro Rui sabe disso”, disse Carvalho, em resposta direta às críticas vindas do núcleo do governo.

Segundo ele, reuniões técnicas foram realizadas com a equipe da Previdência, e a CGU emitiu notificações internas alertando para o avanço das investigações. O foco estava em acordos de cooperação técnica firmados com entidades que cobravam valores indevidos de aposentados e pensionistas, o que Carvalho classificou como o “ovo da serpente” da fraude.

Os contratos, apontou o ministro da CGU, foram assinados nos anos de 2021 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro. Ainda assim, o escândalo teve desdobramentos na atual gestão e resultou na saída de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência. Segundo Rui Costa, a crise só teria se agravado porque o então ministro não teria sido informado previamente sobre o conteúdo da auditoria. Carvalho, no entanto, rechaçou essa tese, alegando que os alertas foram feitos nos níveis técnicos da pasta.

Ao defender a atuação da Controladoria, o ministro afirmou que o órgão está apenas cumprindo o papel que lhe foi atribuído pelo presidente Lula: o de manter tolerância zero com fraudes e corrupção. A fala, além de expor divergências dentro do governo, evidencia a tensão provocada por investigações que atingem diretamente áreas sensíveis da gestão federal.