POLÍTICA


CDH aprova proposta de Wagner que cria cotas de produtos indígenas e quilombolas na alimentação escolar

"Pelo menos 5% das compras realizadas pelo PNAE deverão vir desse tipo de produção", diz o senador

Foto: Rafael Nunes / JW

 

A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou, nesta quarta (15), projeto de autoria do senador Jaques Wagner (PT-BA), que cria a Política Nacional de Promoção da Alimentação e dos Produtos da Sociobiodiversidade de Povos e Comunidades Tradicionais, determinando, entre outros pontos, a compra desses alimentos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Para o senador, dentre os desafios para a soberania e a segurança alimentar e nutricional brasileira estão os hábitos alimentares da população e seus meios de produção. E que o cenário é ainda pior entre os povos e comunidades tradicionais, que sofrem com a ausência ou insuficiência de alimentação escolar e até mesmo com prazos de validade vencidos.

“Mesmo nos casos em que há efetiva entrega da alimentação escolar nas aldeias, bem como nas comunidades tradicionais, diversas são as denúncias de que muitas vezes a comida ofertada não atende à cultura e à tradição indígenas. De acordo com essas fontes, é comum que produtos processados e ultraprocessados, muitas vezes enlatados, estejam presentes na alimentação escolar consumida por povos e comunidades tradicionais”, disse.

Diante desse cenário, Jaques Wagner decidiu apresentar o projeto baseado em experiência positiva no Amazonas. Lá, após uma ação do Ministério Público local, o PNAE passou a inserir produtos da alimentação tradicional desses povos na rotina escolar. O resultado: melhoria da qualidade da alimentação, geração de renda para as comunidades e redução de gastos públicos.

“Teremos uma cota de produtos indígenas e quilombolas na alimentação escolar. Pelo menos 5% das compras realizadas pelo PNAE deverão vir desse tipo de produção, incluindo produtos de origem animal e processados vegetais, com adequação das normas sanitárias à cultura e tradição desses povos”, conclui.

O projeto segue agora para análise das comissões de Meio Ambiente e Assuntos Sociais, respetivamente.