POLÍTICA


Bolsonaro repete Lula e prepara recurso à cortes internacionais diante de julgamento no STF

Defesa pretende acionar Comitê da ONU ou órgão interamericano para questionar imparcialidade do processo

Foto: Carlos Moura / Agência Senado

Às vésperas do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já articula uma ofensiva internacional para contestar eventuais condenações. A estratégia da defesa é acionar instâncias como o Comitê Interamericano de Direitos Humanos, nos Estados Unidos, ou o Comitê de Direitos Humanos da ONU, na Suíça.

Segundo o colunista Caio Junqueira, da CNN Brasil, advogados do ex-presidente vêm reunindo argumentos desde a apresentação do inquérito pela Polícia Federal (PF). Entre os pontos levantados estão suposto cerceamento de defesa, prazos distintos para acusação e defesa e a dependência de uma colaboração premiada considerada frágil — a de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que já modificou versões em diferentes ocasiões.

A petição, que está em fase de elaboração, não deve reverter o resultado no Supremo, mas, segundo integrantes da defesa, servirá para expor o que chamam de julgamento injusto e parcial. O processo, no entanto, costuma ser demorado e pode levar anos até uma decisão final.

O recurso a instâncias internacionais segue estratégia semelhante à adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2022, após quase seis anos de tramitação, o Comitê de Direitos Humanos da ONU concluiu que a investigação e o julgamento do petista violaram direitos políticos e à privacidade, embora não tenha analisado o mérito das acusações.

Para Bolsonaro e seus aliados, a iniciativa reforça a narrativa de perseguição política, enquanto juristas avaliam que a movimentação tem efeito mais simbólico do que jurídico.