Base de Lula ao centro e à direita tem 40% de infiéis, diz jornal
Instabilidade política enfrenta resistência de partidos que, apesar de alianças formais, frequentemente votam contra o governo no Congresso

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta desafios significativos no Congresso Nacional, devido à oposição que surge dentro da própria base aliada. A instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e a aceleração da votação do projeto de anistia ao 8 de janeiro revelam a real extensão da oposição a Lula dentro de partidos de centro e direita que oficialmente o apoiam. Esses movimentos expõem a fragilidade da aliança, que, apesar de formal, não se traduz em apoio incondicional em votações críticas.
Dos partidos que compõem a base governista, o União Brasil se destaca por sua alta taxa de infidelidade, com 60% de seus membros apoiando medidas contrárias aos interesses do Palácio do Planalto. O Republicanos e o PP também apresentam índices significativos, com 45% e 43% de oposição, respectivamente. Em contrapartida, o PSD de Gilberto Kassab e o MDB de Baleia Rossi mostram-se mais alinhados ao governo, mas ainda enfrentam desafios internos.
Esses três requerimentos — anistia, CPI e CPI mista do INSS — são um termômetro da oposição dentro da base aliada. Eles evidenciam uma lista de parlamentares que, mesmo pertencendo a partidos alinhados ao governo, frequentemente votam contra suas diretrizes. Isso dificulta a governabilidade, uma vez que a base real de apoio de Lula na Câmara cai para 265, pouco mais da metade das 513 cadeiras, segundo análise da Folha de S.Paulo.
A situação no Senado não é mais favorável, com senadores do União Brasil também apoiando a CPI mista. Esse cenário destaca a complexidade enfrentada por Lula, que, mesmo após ceder ministérios para consolidar apoio, continua lidando com infidelidades políticas. A dinâmica atual reflete um Congresso fortalecido, com um centrão que, em situações estratégicas, se alia à oposição, isolando a esquerda e complicando a aprovação de pautas governamentais.