POLÍTICA


Governistas temem efeitos da prisão de Bolsonaro sobre negociação de tarifaço

Decisão de Moraes é tomada às vésperas da entrada em vigor de sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros

Foto: Alan Santos/PR

 

Aliados do presidente Lula (PT) admitiram a possibilidade de a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fustigar o presidente americano, Donald Trump, a dois dias da adoção das sanções anunciadas por ele contra o Brasil. Os relatos foram feitos sob reserva ao jornal Folha de S. Paulo.

À publicação, integrantes do governo reconhecem que Trump pode usar a decisão como pretexto para obstruir negociações após o americano impor, em ato assinado na semana passada, uma sobretaxa de 50% a produtos importados do Brasil, com uma lista de quase 700 exceções —o tarifaço entra em vigor na quarta-feira (6).

Admitem também a possibilidade de vitimização do ex-presidente. Alegam, contudo, que a prisão era inevitável, uma vez que Bolsonaro desprezou uma determinação judicial.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar de Bolsonaro, presidente do Brasil entre 2019 e 2022 e réu no processo sobre tentativa de golpe de Estado no fim de seu governo.

A ordem de prisão foi dada após Bolsonaro descumprir, no entendimento de Moraes, medidas cautelares impostas após a operação de 18 de julho, quando o ex-presidente foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais.

No domingo (3), durante atos por anistia a réus da trama golpista, Bolsonaro esteve presente por meio de vídeos exibidos por apoiadores ou por ligações em vídeo. O ex-presidente estava proibido de usar redes sociais, mesmo que intermédio de outras pessoas.