SÃO FRANCISCO DO CONDE


Professores e servidores decretam estado de greve

Categoria denuncia atrasos salariais, perda de direitos e desorganização administrativa

Foto: Camila Souza/GOVBA

 

Professores e servidores públicos de São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador, decretaram estado de greve no dia 5 de agosto de 2025. A decisão foi tomada em assembleia geral convocada pelo Sindicato dos Servidores Públicos da Prefeitura e Câmara (Sindsefran), em resposta as denuncias de descaso e ausência de diálogo da gestão municipal.

A categoria denuncia atrasos salariais, descumprimento da data-base de reajuste, perda de direitos e precariedade no funcionamento de escolas e unidades de saúde. Segundo relatos, os salários que antes eram pagos até o dia 30 passaram a ser quitados apenas após o quinto dia útil, dificultando o deslocamento de trabalhadores que vêm de outras cidades. O reajuste anual previsto em lei também não foi concedido em 2025.

Entre as queixas, estão ainda escolas sem gestão formal após exoneração de diretores e vices, agentes de apoio educacional recebendo abaixo do salário mínimo e ausência de regulamentação da Guarda Municipal. Profissionais da saúde e da educação afirmam não ter recebido direitos trabalhistas, e trabalhadores contratados pelo regime REDA relatam salários e rescisões em aberto desde outubro de 2024.

Professores também destacam o fechamento de escolas que funcionavam no modelo cívico-militar, sem substituição, deixando unidades em áreas periféricas mais expostas à violência. A prefeitura, segundo eles, deixou de repassar valores para a presença da Polícia Militar em colégios, aumentando a insegurança.

Além da precariedade, servidores relatam perseguição política e assédio moral contra concursados. “Eles não suportam quem não depende de favores políticos”, disse um professor ouvido pela reportagem do MundoBA, que preferiu não se identificar.

O sindicato afirma ainda que benefícios sociais, como bolsa universitária, bolsa técnica e auxílio defeso para pescadores, não são pagos desde o ano passado. Outro ponto levantado é que parte dos exonerados continua exercendo funções de forma voluntária, sem vínculo legal.

“Isso é uma ilegalidade, porque ou a pessoa é contratada, comissionada, REDA ou efetiva. Voluntariamente não se responde pela escola, e isso tem consequências sérias”, alertou um servidor.

O Sindsefran definiu um calendário de mobilizações até outubro. Entre as ações previstas estão carreata em direção à Refinaria, ato na Câmara Municipal, mobilização cultural e atividades alusivas ao 7 de Setembro.

No dia 7 de outubro, está marcada reunião entre sindicato e gestão municipal sobre a data-base. A categoria volta a se reunir em assembleia no dia 8, quando avaliará a proposta e decidirá os próximos passos.

O MundoBA tentou entrar em contato com a prefeitura de São Francisco do Conde, mas até o momento da publicação, não obteve resposta.