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FecomércioBA e CDL Porto Seguro divergem após críticas de empresário à atuação de sindicato local

Vinicius Brandão, presidente da CDL Porto Seguro postou vídeo com críticas a atuação de sindicato e influência da FecomércioBA; Federação reagiu

Foto: Divulgação

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (FecomércioBA) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Seguro (sul do estado), divergiram após o presidente da CDL, Vinícius Brandão, tecer críticas sobre à influência do Sistema Comércio BA — grupo do qual a FecomércioBA faz parte — junto ao Sindescobrimento (sindicato patronal que representa o comércio varejista de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Belmonte).

Em vídeo publicado na semana passada (veja abaixo), Brandão afirmou que o Sindescobrimento é mantido pela FecomércioBA, acrescentando que o sindicato local tem agido “com abuso, má-fé, desinformação e autoritarismo, tentando criminalizar empresas locais com protestos ilegais em cartório e boletos indevidos”. “Mais grave ainda: após nossas manifestações públicas e denúncias sobre a ilegalidade dessas cobranças, começaram a mandar interlocutores para me procurar tentando acalmar as falas da CDL, pois sabia que a gente não ia recuar e não vamos recuar”, garantiu o dirigente.

Em nota (veja abaixo), a FecomercioBA informou que é mentirosa a afirmação de que a FecomércioBA mantém ou controla o Sindescobrimento. “O sindicato patronal mencionado possui personalidade jurídica própria e autonomia administrativa e financeira, não se confundindo em nenhuma hipótese com a Federação”, explicou a entidade.

Cobranças ilegais

Ainda segundo ele, a Sindescobrimento vem realizando cobranças consideradas ilegais e abusivas aos empresários da região. Brandão relembrou que desde a reforma trabalhista de 2017, a contribuição sindical patronal passou a ser facultativa e exige autorização prévia e expressa. Além disso, citou o artigo 178 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) afirmando a contribuição sindical só é devida quando previamente autorizada pelo contribuinte. “Mas não é o que está acontecendo aqui em Porto Seguro e na região”, acusou.

Na mesma nota, a FecomercioBA lamentou o fato de Brandão confundir, “de forma inapropriada e irresponsável”, os conceitos de contribuição sindical e contribuição assistencial, “numa clara tentativa de criminalizar a atuação sindical patronal legítima e regular, reconhecida e amparada pela Constituição Federal e pela legislação vigente”.

Impedimento do uso de espaços

Além das críticas ao SinDescobrimento, o dirigente se queixou sobre as dificuldades em conseguir utilizar, em Porto Seguro, espaços do Sesc e do Senac de responsabilidade do Sistema Comércio BA. “Quem mantém o Senac, o Sesc e fazem parte do sistema S, também somos nós, empresários, através de contribuições compulsórias sobre a folha de pagamento […] os empresários já pagam para manter auditórios, salas de treinamento, cursos de capacitação, programas sociais e educacionais. E qual é a realidade em Porto Seguro? Existe um Senac com auditório que fica vazio a maior parte do ano. A CDL já solicitou várias vezes o uso gratuito do espaço para capacitação empresarial com palestrantes, sem cursos para o empresário”, afirmou.

“E em todas as tentativas, enfrentamos dificuldade de resposta e cobrança de valores para realizar os eventos voltados justamente à classe que mantém toda essa estrutura, que são os empresários do comércio. O empresário já paga compulsoriamente para manter o sistema S e não consegue usar nem a estrutura que, naturalmente, ele já paga”, completou.

Sobre este tema, a FecomércioBA informou que “é igualmente inverídica” a alegação de que o auditório do Senac, em Porto Seguro, permanece vazio. “O espaço é permanentemente utilizado para cursos, capacitações, eventos culturais, educativos e sociais, todos devidamente planejados e com acesso regulado. Ressalta-se, ainda, que não existe qualquer obrigação legal ou institucional de conceder o uso gratuito desse espaço a terceiros. Os recursos que mantêm essa estrutura decorrem exclusivamente de contribuições do setor produtivo, devendo, portanto, ser aplicados conforme a destinação legal e os objetivos institucionais do Senac”.

Diante das declarações do presidente da CDL de Porto Seguro, o Sistema Comércio BA afirmou ainda que vai adotar as medidas judiciais cabíveis. “Reiteramos que o Sistema Comércio BA continuará exercendo sua missão de forma séria e transparente, em benefício de todo o setor do comércio de bens, serviços e turismo e da sociedade baiana”, finaliza a nota.