MUNDO


Crescimento global do consumo de cocaína amplia poder e alcance de facções brasileiras

Relatórios internacionais mostram que demanda recorde pela droga, sobretudo na Europa, fortalece redes como PCC e CV e reposiciona o Brasil no mapa do tráfico

Foto: lgação/PF

 

O uso de cocaína atingiu níveis históricos em 2023, e esse salto na demanda global tem abastecido o poder de facções brasileiras que atuam no tráfico internacional. Segundo dados da ONU e análises de especialistas, entre 2013 e 2023 o número de usuários da droga subiu 47%, chegando a 25 milhões de pessoas, um mercado que se concentra sobretudo na América do Norte e na Europa. Esse cenário transformou o Brasil em uma das principais pontes entre países produtores andinos e grandes centros consumidores, impulsionando grupos como PCC e Comando Vermelho a operar com estruturas mais internacionalizadas.

Relatórios recentes apontam que portos brasileiros, especialmente Santos, Paranaguá e Itajaí, se tornaram corredores críticos para o envio de cocaína à Europa. As apreensões dispararam na última década, acompanhando o crescimento da atuação dessas facções fora do país. O modelo de operação lembra, segundo o UNODC, uma espécie de “franquia criminal”, com células locais relativamente autônomas, mas integradas a uma estratégia maior que envolve parcerias na África, na Europa e em países produtores como Bolívia, Peru e Colômbia.

O fortalecimento dessas organizações, contudo, não vem apenas do tráfico internacional. Pesquisadores destacam que facções brasileiras diversificaram suas fontes de renda, controlando serviços ilegais em territórios dominados, de internet clandestina a transporte alternativo. Ainda assim, a disputa por corredores estratégicos de cocaína continua central, especialmente em rotas do Norte e Nordeste que dão acesso à Amazônia e, de lá, ao Atlântico.