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Cortes de Trump colocam organizações humanitárias brasileiras à beira do fechamento

Redução drástica no financiamento internacional deixa instituições sem orçamento e funcionários trabalhando sem salário

Foto: The White House/Divulgação

 

Os cortes promovidos pelo governo Donald Trump na USAid e o efeito cascata em agências internacionais já afetam diretamente entidades brasileiras que atendem refugiados e populações vulneráveis. A Cáritas-RJ, com quase 50 anos de atuação, afirma que pode encerrar as atividades em 2026. A coordenadora Aline Thuller relata que a instituição perdeu parte dos repasses do Acnur e precisou suspender auxílios emergenciais, adiar cursos e reduzir a equipe, ela própria está sem salário.

Segundo Pablo Mattos, oficial de Relações Governamentais do Acnur Brasil, a agência da ONU sofreu um corte global de aproximadamente 25% no orçamento, o que compromete o atendimento a cerca de 270 mil pessoas no país. O impacto ocorre num momento em que o número mundial de deslocados forçados segue em alta, reflexo de crises humanitárias, conflitos e eventos climáticos. Só em 2025, a Cáritas atendeu imigrantes de mais de 70 nacionalidades.

O enfraquecimento da ajuda internacional também atinge outras iniciativas. A Casa 1, centro de acolhimento LGBTQIAPN+ em São Paulo, anunciou que fechará em abril de 2026. O diretor institucional, Iran Giusti, afirma que projetos voltados à diversidade já enfrentavam dificuldades de financiamento, agravadas pela nova política externa americana. A instituição tenta concluir o atendimento atual com doações, mas alerta para o aumento da vulnerabilidade entre os públicos atendidos.

Os cortes dos EUA, seguidos por reduções de países europeus, ocorrem em paralelo ao aumento dos investimentos em Defesa dessas nações. Para organizações brasileiras, o cenário representa não apenas uma crise financeira, mas uma retração da responsabilidade internacional em meio ao avanço da demanda por assistência humanitária.