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Cientistas e ambientalistas demonstram frustração com resultado da COP30

Apesar de avanços diplomáticos, participantes afirmam que decisões ficaram aquém do necessário para enfrentar a crise climática

Foto: Reprodução/GOVBR

 

Cientistas, ambientalistas e representantes de diversos países manifestaram frustração com o resultado final da COP30, realizada em Belém. Após duas semanas de negociações intensas, a avaliação predominante é de que o pacote de decisões ficou abaixo do necessário para responder à velocidade da crise climática. Para organizações da sociedade civil, o principal ponto de decepção foi a ausência de compromissos claros relacionados aos combustíveis fósseis.

Apesar das críticas, especialistas afirmaram que o encontro não pode ser classificado como um fracasso. O pacote final foi aprovado por consenso, evitando o risco de colapso das negociações. Para algumas instituições, houve avanços importantes, como a inclusão inédita de menções a afrodescendentes nos documentos centrais da conferência.

Representantes de ONGs, no entanto, destacaram que países bloquearam qualquer decisão mais ambiciosa sobre a redução do uso de combustíveis fósseis, tema considerado central para limitar o aquecimento global. Para o Observatório do Clima, a ausência de referências ao tema nos 15 textos aprovados evidencia a dificuldade de construir um roteiro claro para a transição.

A conjuntura geopolítica também influenciou o resultado. Lideranças tradicionais, como a União Europeia, tiveram papel menos ativo, enquanto Estados Unidos e China, maior poluidor global, adotaram posições que dificultaram avanços, especialmente em relação ao financiamento climático e à regulação de combustíveis fósseis. O secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu que houve progressos, mas afirmou que a COP não entregou tudo o que é necessário diante do cenário atual.

A próxima edição da conferência, a COP31, terá um modelo inédito: será sediada na Turquia, que também exercerá a presidência, enquanto a Austrália conduzirá as negociações. Segundo os organizadores, a parceria busca fortalecer o processo e ampliar a coordenação internacional ao longo do próximo ano.