JUSTIÇA


TCU recomenda que Câmara investigue Eduardo Bolsonaro por uso indevido de recursos públicos

A decisão responde a uma representação apresentada pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP)

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Câmara dos Deputados apure possível uso irregular de recursos públicos, direta ou indiretamente, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) durante estadia nos Estados Unidos. O órgão também encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal (MPF).

A decisão, tomada por unanimidade na semana passada e divulgada na sexta-feira (8), responde a uma representação apresentada pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP). Ele acusa Eduardo de articular, junto a governos e grupos estrangeiros, atos hostis contra o Brasil — conduta que o Código Penal tipifica como crime de atentado à soberania nacional, com pena de três a oito anos de prisão.

O TCU ressaltou que não tem competência para julgar eventuais crimes ou aplicar sanções no caso, sob pena de violar o devido processo legal e a separação dos Poderes. Por isso, determinou que a Câmara envie o resultado da apuração e as providências adotadas.

Faltas não justificadas

Segundo o parecer, Eduardo justificou apenas uma das cinco ausências a sessões da Câmara em março, quando já estava nos Estados Unidos e ainda não havia solicitado a licença parlamentar de 122 dias. As quatro faltas restantes não tiveram desconto no salário, o que representaria um prejuízo inferior a R$ 120 mil — valor mínimo exigido para que o TCU abra investigação própria.

Boulos havia pedido ao tribunal que investigasse também a responsabilidade penal do deputado, mas o plenário rejeitou o pleito, reafirmando a falta de competência para determinar se houve crime.

Caso a Câmara decida investigar, será o segundo procedimento contra Eduardo Bolsonaro relacionado à viagem. Em julho, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou inquérito que apura suposta articulação do deputado, em solo norte-americano, contra autoridades brasileiras.