JUSTIÇA


STF ouve Bolsonaro e outros 7 réus em ação penal sobre trama golpista

Primeira Turma inicia etapa de audiência com acusados; ex-presidente também se encontrará com Mauro Cid após delação

Foto: Isac Nóbrega/PR

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (9), às 14h, os interrogatórios dos réus do núcleo central da tentativa de golpe de Estado atribuída a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os depoimentos vão acontecer ao longo da semana, até sexta-feira (13), na sala da Primeira Turma da Corte, com transmissão ao vivo pela TV Justiça.

O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, vai conduzir os interrogatórios presenciais de oito réus considerados peças-chave na suposta trama que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Entre os nomes estão o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-vice de chapa, general Braga Netto, e outras figuras de destaque da gestão passada, como os ex-ministros Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira.

A série de oitivas começa com o depoimento de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no inquérito. Os demais réus serão ouvidos por ordem alfabética, a partir das 9h nos dias seguintes. A única exceção será Braga Netto, que prestará depoimento por videoconferência, já que está preso desde dezembro por obstrução das investigações e tentativa de acessar informações da delação de Cid.

Durante as sessões, além do ministro Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados de defesa poderão fazer perguntas aos acusados. Como previsto pela Constituição, os réus têm o direito de permanecer em silêncio e não responder a questões que possam implicá-los.

Os oito réus são acusados de crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A fase de interrogatório é uma das últimas da ação penal, e a expectativa é que o julgamento definitivo — que pode resultar em condenações com penas superiores a 30 anos de prisão — aconteça ainda no segundo semestre deste ano.