JUSTIÇA


Justiça condena Nikolas a pagar R$ 40 mil por chamar mulher trans de ‘homem’

Defesa alegou que parlamentar exerceu o direito à livre manifestação; ele ainda pode recorrer

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

 

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi conenado pela Justiça paulista a pagar uma indenização de R$ 40 mil por danos morais a uma mulher trans que foi chamada de “homem” nas redes sociais. O deputado ainda pode recorrer. As informações são do colunista Rogério Gentile, do portal UOL.

Em setembro de 2022, a autora do processo publicou um vídeo relatando ter sido vítima de transfobia em um salão de beleza que se recusou a atendê-la para um serviço de depilação, sob a justificativa de que o espaço era destinado exclusivamente a mulheres.

À época, o então vereador em Belo Horizonte repostou o vídeo e afirmou: “Essa pessoa aqui se considera mulher, mas ela é homem, e estava alegando transfobia. Então agora você é obrigado a depilar um pênis ou, caso contrário, você é transfóbico”. Ele prosseguiu: “Cada dia mais essa imposição está ficando diária. Daqui a pouco a gente vai ter de cagar rosa”.

Na ação, diz a publicação de Gentile, mulher trans sustentou que a publicação do deputado teve caráter desrespeitoso e contribuiu para sua marginalização. “Ao veicular discurso de ódio, visando à deslegitimação do direito de tratamento equânime de pessoas transexuais em relação às cisgênero, Nikolas afasta-se da observância dos direitos humanos, além de ofender a pluralidade e a diversidade”, afirmou.

A defesa do parlamentar alegou que ele exerceu o direito à livre manifestação de pensamento, sem ofender a honra da autora, e que a ação buscava censurar suas opiniões. “A intenção de comentar e contrapor ideias, a discordância do assunto e a exposição da opinião contrária não pode, sob qualquer hipótese, configurar transfobia”, declarou.

Ao condená-lo, o juiz André Bezerra afirmou que há “irracionalidade” na “preocupação com as opções de vida alheia”. Para o magistrado, além da discriminação sofrida no salão, a manifestação de Nikolas funcionou como estímulo para que outros estabelecimentos repitam práticas semelhantes, “configurando um verdadeiro incentivo para que outros estabelecimentos discriminem outras mulheres transgêneros pelo país afora”.