ECONOMIA


Tarifas de Trump: exportadores brasileiros de café não creem em isenção

Apesar de negociações, tarifa zero é resultado distante

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

 

Os exportadores brasileiros de café estão enfrentando um cenário desafiador nas suas transações com os Estados Unidos. Mesmo após o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, sugerir a possibilidade de zerar tarifas para produtos não produzidos em solo americano, como o café, a expectativa de redução de tarifas permanece baixa. Lutnick também mencionou frutas como manga, cacau e abacaxi, mas sem citar especificamente o Brasil.

Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), expressou ceticismo sobre a possibilidade de tarifa zero, afirmando que as negociações estão ocorrendo diretamente com a Associação de Café e a indústria americana. Atualmente, o café brasileiro é taxado em 10% pelos EUA, desde que o presidente Donald Trump impôs essa tarifa em abril. A preocupação agora é que essa sobretaxa possa saltar para 50%.

Heron destaca que os Estados Unidos não têm capacidade de substituir rapidamente o café brasileiro, que representa 34% do mercado norte-americano. No primeiro semestre de 2025, os EUA compraram 2,87 milhões de sacas de café, o que corresponde a 17,1% do total exportado pelo Brasil, segundo dados do Cecafé. O governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, busca reverter essas tarifas, mas enfrenta resistência dos EUA em negociar.

A volatilidade nos preços internacionais do café tem sido significativa, mas o Brasil registrou um recorde histórico em receita cambial com exportações de café, atingindo US$ 14,7 bilhões. O governo brasileiro continua a buscar soluções diplomáticas, mas também avalia cenários de reação caso as negociações não avancem. A Folha de S.Paulo reporta que um plano de contingência está sendo analisado pelo presidente Lula, com o foco principal ainda nas vias diplomáticas.