ECONOMIA


São João movimenta mais de R$ 2 bilhões no Nordeste e impulsiona pequenos negócios na Bahia

Festa junina reforça economia regional e traz reflexões sobre educação financeira e desenvolvimento local

Foto: Divulgação/Assessoria

 

Na Bahia, o São João vai muito além da festa. É força cultural que pulsa especialmente no interior, aquece a economia e gera impactos que ultrapassam o mês de junho. O ciclo junino, que se estende até julho, transforma cidades em verdadeiros polos de consumo, movimentando setores como turismo, transporte, alimentação, vestuário e entretenimento.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as festas de São João injetam mais de R$ 2 bilhões por ano na economia do Nordeste. Só na Bahia, até 30% da receita anual de pequenos comerciantes do interior é concentrada nesse período.

Esse aumento de circulação de recursos e o fluxo intenso de visitantes trazem também novos olhares sobre o mercado financeiro. Mais do que celebrar tradições, o São João abre espaço para reflexões sobre a gestão de recursos e o futuro financeiro de quem empreende nas cidades do interior.

Para Larissa Falcão, líder regional da XP Inc. no Norte e Nordeste, o desafio é criar soluções que atendam à sazonalidade econômica com mais estrutura. “O São João gera um pico de liquidez local. Pequenos negócios aumentam suas vendas, o turismo aquece, e há um movimento importante de capital. O mercado financeiro pode ser um aliado, criando soluções como linhas de crédito ajustadas ao ciclo de vendas e iniciativas de educação financeira voltadas para esses empreendedores”, explica.

Ela destaca que é preciso ir além do crédito emergencial e apoiar os empresários na organização de seus fluxos financeiros. “Muitos enfrentam dificuldades nos meses seguintes à festa justamente por falta de planejamento. Por isso, temas como fluxo de caixa, precificação e formação de reservas são tão urgentes”, diz.

Bahia lidera em investidores no Nordeste

O interesse por investimentos também tem crescido no estado. Segundo dados da B3, a Bahia lidera o número de investidores no Nordeste, com mais de 223 mil contas cadastradas e R$ 11,74 bilhões aplicados. O perfil, no entanto, ainda é conservador: 52% dos investidores baianos preferem aplicações em renda fixa, com aportes iniciais de até R$ 200.

Segundo Larissa, esse movimento é um indicativo de mudança. “Mesmo com perfil mais cauteloso, o investidor baiano começa a olhar para a diversificação como forma de proteger o patrimônio. E isso vale também para os empreendedores juninos, que precisam aprender a transformar o lucro da alta temporada em segurança para o restante do ano”, observa.

Outro fator importante é a força do relacionamento presencial no interior. A confiança no assessor de investimentos e o atendimento personalizado ainda fazem toda a diferença. “O olho no olho continua sendo essencial. Nosso trabalho tem sido justamente criar esse elo, entender as dores locais e construir soluções que façam sentido para cada realidade”, completa.