ECONOMIA


Petróleo, café e aço: veja 10 itens que podem ter prejuízo bilionário com nova tarifa dos EUA

Itens movimentaram mais de US$ 10 bilhões no 1º semestre; petróleo bruto lidera a lista

Divulgação/Porto de Santos

 

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros coloca em risco as principais exportações do Brasil para o país norte-americano. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e afeta diretamente itens como petróleo bruto, produtos siderúrgicos, café, carne bovina e sucos de frutas.

Somente entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou mais de US$ 10 bilhões em produtos para os EUA. O petróleo bruto lidera a lista, com US$ 2,378 bilhões em vendas, seguido pelos semiacabados de ferro e aço (US$ 1,518 bilhão) e pelo café (US$ 1,172 bilhão), um dos produtos mais tradicionais da pauta exportadora brasileira.

Confira os 10 principais produtos brasileiros exportados para os EUA:

Petróleo bruto – US$ 2,378 bilhões

Semiacabados de ferro e aço – US$ 1,518 bilhão

Café – US$ 1,172 bilhão

Aeronaves – US$ 876 milhões

Derivados de petróleo – US$ 830 milhões

Sucos de frutas (principalmente laranja) – US$ 743 milhões

Carne bovina – US$ 738 milhões

Ferro fundido – US$ 683 milhões

Celulose – US$ 671 milhões

Máquinas e equipamentos (como escavadoras e compressores) – US$ 568 milhões

Com a nova alíquota, os produtos brasileiros devem perder competitividade no mercado norte-americano, o que pode significar redução nas exportações, prejuízo para empresas brasileiras e impactos econômicos em setores estratégicos da economia, como o agronegócio, a indústria de base e o setor aeronáutico.

Entenda

A taxação de Trump, anunciada nessa quarta-feira (9), ocorre após o presidente norte-americano afirmar que há uma “caça às bruxas”, ao defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu em uma ação do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a trama golpista após as eleições de 2022.

Em sua rede social, a Truth Social, Trump afirmou que Bolsonaro está sofrendo um ataque político, assim como ocorreu com ele nos Estados Unidos.

“Estarei assistindo a caça às bruxas de Jair Bolsonaro, de sua família e de milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelos eleitores do Brasil — isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz!”, escreveu Trump.

“Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, acrescentou.

Bolsonaro é acusado por pelo menos cinco crimes, entre eles organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, e golpe de Estado.

Lula reage a Trump

Em resposta à taxação imposta pelo norte-americano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reforçou que o Brasil é um país soberano e que “não aceitará ser tutelado por ninguém”.

“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira”, escreveu o presidente na rede social X, em referência indireta à defesa de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentativa de golpe.

A manifestação do líder brasileiro também rebateu argumentos de Trump sobre um suposto déficit comercial com o Brasil. “É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”, disse.

O presidente brasileiro também garantiu que a elevação de tarifas será respondida pela Lei de Reciprocidade Econômica. Na prática, isso significa que o Brasil pode adotar medidas semelhantes contra produtos americanos, como forma de retaliação. Ou seja, se os Estados Unidos aumentam a tarifa de importação sobre o café brasileiro, por exemplo, o governo brasileiro pode elevar impostos sobre produtos norte-americanos de valor equivalente, como soja, milho ou equipamentos eletrônicos.

A prática é comum em disputas comerciais e está amparada por acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, acrescentou.