ECONOMIA


Argentinos vendem peso sob risco de ajuda fracassar

Moeda dos hermanos enfrenta desafios apesar das tentativas de estabilização, enquanto a confiança no apoio internacional oscila.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

A situação econômica na Argentina tem gerado preocupações crescentes, com a desvalorização do peso se tornando um ponto central de discussão. Mesmo com as intervenções do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que buscou aumentar o resgate da Argentina para US$ 40 bilhões, a população local continua a vender a moeda nacional em massa. A expectativa é de que, após as eleições legislativas de 26 de outubro, o presidente Javier Milei seja forçado a permitir uma nova desvalorização.

A confiança nas medidas de Bessent tem diminuído, como destacou Ezequiel Asensio, gestor de carteira da Valiant Asset Management. Segundo ele, o mercado não acredita mais nas promessas de apoio, mesmo com os esforços financeiros envolvidos. A alta das taxas de juros de curto prazo, que chegaram a 157%, não conseguiu frear a fuga de capitais, apenas retirou pesos do sistema financeiro, aumentando a pressão sobre a já fragilizada economia argentina.

Além disso, o presidente dos EUA, Donald Trump, minou ainda mais a confiança ao sinalizar que retiraria seu apoio caso Milei perdesse nas eleições. Isso foi interpretado como uma tentativa de influenciar o resultado eleitoral, complicando ainda mais a situação. A agenda de livre mercado de Milei já enfrentava resistência interna, especialmente após um revés nas eleições locais de Buenos Aires, intensificando a aversão ao peso.

Os bancos argentinos continuam a relatar uma forte demanda por dólares, com estimativas de compra diária de cerca de US$ 300 milhões. Para especialistas como Lucio Arrocha, estrategista da StoneX, a desvalorização é inevitável. A questão agora é se a situação se agravará ainda mais com a possível derrota de Milei nas eleições. A Folha de S.Paulo, que relatou esses eventos, destaca que a falta de dólares no país para enfrentar essa crise é uma preocupação crescente.