ECONOMIA


Haddad critica bets e defende proibição: ‘Não tem arrecadação que justifique’

Para o ministro, o crescimento descontrolado do setor se tornou um problema de saúde pública

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (21) que, se dependesse exclusivamente dele, as apostas online — as chamadas “bets” — seriam proibidas no Brasil. “Se aparecer um projeto na Câmara Federal [para decidir se] continua ou para, eu apertaria o botão do para. Não tem arrecadação que justifique essa roubada que nós chegamos”, disse em entrevista ao canal ICL Notícias.

De acordo com o ministro, o crescimento descontrolado do setor se tornou um problema de saúde pública. Ele afirmou que, antes da regulamentação, o governo não tinha acesso a dados sobre o funcionamento das bets. “O que está acontecendo é uma desgraça”, afirmou.

Haddad destacou que o Ministério da Fazenda já compartilha informações com o Banco Central sobre fintechs que estariam sendo usadas como veículos para apostas ilegais, lavagem de dinheiro e até para o crime organizado. Ele prometeu levar os dados coletados nos últimos seis meses à mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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“Vamos incorporar a Polícia Federal nesse debate, porque não é só atribuição do Ministério da Fazenda. Tem crime por trás”, disse. Haddad comparou o tratamento que o setor deve receber à publicidade de bebidas alcoólicas e cigarros, atualmente restrita por lei.

O ministro ressaltou que 60% dos apostadores têm até 39 anos e que há impactos diretos sobre a formação educacional e financeira dessa população. “Eu soube de casos escabrosos envolvendo bets, de conhecidos que chegaram a perder familiares em função de bets. Então é um drama real.”

Durante a entrevista, Haddad ainda afirmou que mais de R$ 40 bilhões foram transferidos para fora do país em quatro anos sem cobrança de impostos ou controle sobre o setor. “Esse dinheiro sumiu do Brasil”, disse, referindo-se ao período anterior à regulamentação das apostas.

O governo agora trabalha com a possibilidade de endurecer a fiscalização e rever o marco regulatório do setor. “Nós vamos ter que enfrentar”, disse o ministro.