ECONOMIA


Eletrobras vende participação na Eletronuclear por R$ 535 milhões à J&F

Transação marca entrada da empresa dos irmãos Batista no setor nuclear

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

A Eletrobras anunciou nesta quarta-feira (15) a venda de sua participação minoritária na Eletronuclear por R$ 535 milhões para a J&F Investimentos, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A operação marca a estreia do grupo no setor de energia nuclear e faz parte da estratégia da estatal de se desfazer de ativos não prioritários.

Com a transação, a Âmbar Energia, braço da J&F no setor elétrico, passa a deter 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear, que continuará sob controle do governo federal por meio da ENBPar.

Nova fase para a Eletronuclear

A empresa dos irmãos Batista também assumirá responsabilidades antes atribuídas à Eletrobras, como garantias prestadas à estatal e a integralização futura de debêntures no valor de R$ 2,4 bilhões, firmadas com a União no início deste ano.

A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas Angra 1 e Angra 2, além do projeto em desenvolvimento da Angra 3. Juntas, as usinas têm capacidade instalada de cerca de 3.400 megawatts.

Negócio ocorre em meio a crise financeira

A operação acontece em um momento de desequilíbrio financeiro da estatal nuclear, que enfrenta dificuldades para custear a obra de Angra 3 e honrar compromissos com bancos, segundo alerta do Ministério de Minas e Energia. O processo de venda teve início em 2023 e foi assessorado pelo BTG Pactual.

Energia nuclear ganha espaço

Para a Âmbar, a aquisição reforça sua estratégia de diversificação. O portfólio da empresa inclui usinas solares, hidrelétricas e termelétricas movidas a biodiesel, biomassa, biogás e gás natural.

“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais em um momento de descarbonização e de crescente demanda por eletricidade”, afirmou Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia.

A venda da participação também contribuirá para melhorar o perfil de risco e liberar capital da Eletrobras. A operação gerou uma provisão de cerca de R$ 7 bilhões no balanço do terceiro trimestre de 2025. O negócio ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores.