ECONOMIA


Déficit recorde das estatais sob Lula 3 amplia alerta fiscal e pressiona governo por reformulação

Rombo acumulado já supera gestões anteriores somadas, enquanto crise dos Correios expõe fragilidades estruturais do modelo atual

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O desempenho financeiro das estatais federais voltou a pressionar o governo após o Banco Central divulgar que o setor acumula déficit de R$ 6,35 bilhões entre janeiro e outubro de 2025, alta de 42,7% na comparação anual. Desde o início do terceiro mandato de Lula, o rombo chega a R$ 13,7 bilhões, superando a soma das gestões Lula 1, Lula 2 e Dilma 1 e 2, que totalizaram R$ 10,2 bilhões ao longo de mais de uma década. Os números não incluem Petrobras, Eletrobras e bancos públicos, mas atingem empresas como Correios, Serpro, Dataprev, Infraero e Casa da Moeda.

O caso mais crítico é o dos Correios, que entraram na maior crise de sua história: só no primeiro semestre de 2025, o prejuízo chegou a R$ 4,37 bilhões, com estimativa de perdas superiores a R$ 6 bilhões no ano. Para conter a deterioração, o conselho da estatal aprovou um empréstimo de R$ 20 bilhões, operação que depende de aval do Tesouro e pode gerar R$ 2 bilhões anuais em juros. O plano para tentar equilíbrio até 2027 prevê fechamento de agências, venda de imóveis e um programa de demissão voluntária. Analistas apontam que a crise é estrutural, agravada pela perda de mercado para empresas privadas de logística, queda das receitas com cartas e anos de subinvestimento.

Economistas destacam que a raiz do problema vai além dos Correios e reflete falhas na gestão das estatais federais. A flexibilização incluída na LDO, que prevê aceitar um déficit de até R$ 10 bilhões em 2026, é vista como admissão de fragilidade fiscal persistente e sinaliza dificuldade de reestruturar o setor. Especialistas alertam que, sem reformas claras que definam o que deve ser privatizado, ajustado ou subsidiado de maneira transparente, o custo operacional seguirá recaindo sobre o Tesouro.

Apesar das críticas ao desempenho das estatais, o governo tem reforçado indicadores positivos da economia. O Planalto destaca que o “Lula 3 deverá registrar o 3º maior crescimento médio do PIB desde o Plano Real”, além de “inflação média mais baixa da série, desemprego no menor nível da história e 4,8 milhões de empregos formais criados”. Também cita que “a renda média atingiu recorde, a pobreza e a extrema pobreza caíram ao menor patamar histórico, e a desigualdade recuou de forma inédita”.