ECONOMIA


Brasil deve insistir em redução de tarifas e no número de produtos afetados, diz presidente da Fieb

Carlos Henrique Passos também defende que governo atue para postergar sobretaxa e crie linha de crédito em socorro a empresários

Foto: Instagram/@sistema_fieb

 

O presidente da Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia), Carlos Henrique Passos, afirmou nesta segunda-feira (4) ter expectativa que o governo Lula (PT) consiga negociar uma eventual redução de tarifas e do número de produtos brasileiros a serem sobretaxados pelos EUA a partir de quarta-feira (6). A questão foi discutida em um novo encontro com o governador Jerônimo Rodrigues. O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) participou de forma virtual.

A tarifa de 50% imposta por Donald Trump impacta hoje 95 categorias de produtos —que somam mais de 3,8 mil itens específicos, considerando as vendas brasileiras para os EUA no ano passado, de acordo com dados da Comissão de Comércio Internacional do país norte-americano.

“Nós sabemos que algumas medidas que podem já ser adiantadas é a busca pelo governo federal de insistir na negociação com o governo americano na redução das tarifas, no aumento de produtos que serão excluídos dessa tarifa adicional”, disse Passos ao MundoBA após a reunião, que ocorreu sem a presença de jornalistas.

O presidente da Fieb também se diz a favor de um socorro financeiro para apoiar empresários.

“São medidas que vêm em função dessa necessidade atípica das empresas, que envolvem linhas de crédito, envolvem questões trabalhistas que são específicas do governo federal. São medidas que buscam dar às empresas uma condição de atravessar esse momento delicado pelo aumento do custo de exportação para os Estados Unidos.

Segundo Passos, a ideia é que as empresas ganhem fôlego em busca de novos mercados e possam sobreviver à guerra comercial.

Questionado sobre os prejuízos financeiros para o setor produtivo baiano, Passos afirmou ser algo específico de cada empresa. “Tem empresas que têm um percentual de venda para os Estados Unidos, por exemplo, de 10% do que produz. É diferente daquela que tem uma participação dentro do que produz em venda para os Estados Unidos de 30%”, analisou.

“Essas situações são muito particulares, mas na essência de todos, certamente há impacto no seu fluxo de caixa, ou seja, na sua necessidade de capital de giro. Daí essa questão do crédito.”

Em outra frente, explica o presidente da Fieb, a preocupação é proteger postos de trabalho, como ocorreu na pandemia do coronavírus.

“O Brasil teve, durante o Covid, algumas experiências que permitiram às empresas entender o que daria daquele movimento e, naquele primeiro momento, a maioria das empresas colocaram seus trabalhadores em casa. Depois, quando o mercado pôde entender, muitos voltaram a trabalhar e não houve necessidade, necessariamente, da demissão ou da redução de pessoal. As empresas não querem isso, não precisam disso.”

“O que as empresas precisam é do tempo necessário para entender o que, de fato, vai impactar para cada um. E aí só o tempo é que vai dizer”, acrescentou;

Passos afirma não descartar, porém, que o Brasil possa conseguir postergar um novo prazo da tarifação americana.

“Há sempre esperança nisso. Na verdade, o primeiro anúncio do governo dizia que, no dia 1º de agosto, essas medidas estariam vigentes. Agora, temos o dia 6 de agosto. Mas, como isso tudo é um processo de negociação e é um processo de decisão do Executivo americano, havendo o interesse dele, ele pode fazer com o que já fez em outras negociações com outros países, adiando a vigência ou fixando novas decisões para atenuar as medidas”, afirmou.