ECONOMIA


Bitcoin afunda mais 10% e acentua aversão ao risco; mercado cripto já perde US$ 1,5 trilhão

Criptomoeda acumula perdas e cai abaixo de US$ 83 mil, no menor preço desde 10 de abril

Imagem gerada por inteligência artificial

 

O mercado de criptomoedas entrou de vez em território de bear market. O Bitcoin (BTC) recuou para US$ 82.540 por volta das 6h50 desta sexta-feira (21), atingindo o menor nível desde 10 de abril, em um cenário de forte correção que já eliminou quase US$ 1,5 trilhão do valor total do setor desde o pico de 6 de outubro — movimento que caminha para tornar novembro o pior mês desde o colapso da FTX.

Nas últimas 24 horas, o BTC caiu 9,9%, acumulando queda de 23,8% em 30 dias. O tombo é acelerado por liquidações no mercado futuro, que somaram mais US$ 2 bilhões após o episódio de 10 de outubro que já havia eliminado US$ 19 bilhões em posições alavancadas.

“Se isso estiver refletindo o sentimento de risco como um todo, as coisas podem começar a ficar muito, muito feias”, disse o analista Tony Sycamore, da IG.

As perdas atingem praticamente todo o mercado. O Ethereum (ETH) caiu 10,8%, a US$ 2.684; Solana (SOL), 10,9%; Cardano (ADA), 13,5%; Dogecoin (DOGE), 11,3%; XRP, 9,7%; e BNB, 9,1%. Apenas o Zcash (ZEC) mostrava estabilidade, enquanto o Bitcoin Cash (BCH) cai 7,1%.

A pressão também veio do ambiente institucional: ETFs de Bitcoin listados nos EUA registraram saída de US$ 903 milhões na quinta-feira — a segunda maior desde o lançamento, em janeiro de 2024. O interesse aberto em futuros perpétuos despencou 35% desde o pico de outubro.

“O mercado parece um pouco desestabilizado, um pouco quebrado, desde aquela queda acentuada”, afirmou Sycamore. Já Alex Saunders, do Citi, destaca que a região dos US$ 80 mil é considerada crucial por estar próxima da média de reservas de BTC em ETFs.

Risco global aumenta

A turbulência das criptos se soma à correção dos mercados americanos. Na quinta-feira, o S&P 500 caiu 1,6% e o Nasdaq, 2,4%. O índice VIX — termômetro de volatilidade — avançou 12%, para 26,4.

Segundo o Morgan Stanley, a reversão ocorreu apesar do bom resultado da Nvidia, que não entregou o impulso adicional esperado pelo mercado, reacendendo dúvidas sobre preços inflados de ações e sobre o ritmo de cortes de juros pelo Federal Reserve.

O banco também afirmou que o pânico no mercado cripto ampliou a aversão ao risco, afetando ações de data centers, mineradoras e empresas ligadas à infraestrutura de ativos digitais.

Apesar do tombo da véspera, os índices futuros dos EUA operam em alta hoje, mas a incerteza sobre a decisão de juros do Fed em dezembro persiste. A probabilidade de corte diminuiu após o Departamento do Trabalho informar que o setor privado criou 119 mil vagas em setembro, mais que o dobro das estimadas 50 mil, reforçando a sensação de que o mercado de trabalho segue aquecido.