ECONOMIA


BC projeta crescimento tímido do PIB em 2026 sob juros altos e incertezas eleitorais

Com Selic em 15% e economia desacelerando, Banco Central estima avanço de 1,6% no próximo ano, o pior resultado desde a pandemia

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

 

O Banco Central revisou para cima a projeção de crescimento da economia brasileira em 2026, mas o cenário segue pouco animador. Segundo o Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira (18), o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 1,6% no próximo ano, um desempenho fraco, especialmente por se tratar de um período eleitoral e o pior resultado desde 2020, quando a pandemia derrubou a atividade econômica.

A avaliação do BC é de que a manutenção dos juros em patamar elevado continuará freando o ritmo da economia. A taxa Selic está em 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas, e a autoridade monetária indica que o aperto deve persistir por um período prolongado para conter a inflação. Pesam ainda contra o crescimento fatores como a desaceleração da economia global, a falta do impulso do agronegócio observado em 2025 e o baixo nível de ociosidade da capacidade produtiva.

Para 2025, o Banco Central melhorou o diagnóstico: a projeção de crescimento subiu de 2% para 2,3%, enquanto a estimativa de inflação caiu para 4,4%, agora dentro do intervalo da meta. Mesmo assim, o BC reconhece que a atividade segue aquecida acima do potencial, o que exige cautela na condução da política monetária.

O cenário mais fraco para 2026 acende um alerta fiscal. Caso o crescimento fique abaixo do previsto pelo governo no Orçamento, que trabalha com algo próximo de 2,4%, a arrecadação pode frustrar expectativas, exigindo novos bloqueios de gastos em pleno ano eleitoral.