ECONOMIA


Arsenal de Lula para 2026 tem R$ 80 bi fora da meta fiscal e aumento da dívida pública

Medidas expansionistas somam mais de R$ 220 bilhões, pressionam o endividamento e podem dificultar queda dos juros no ano eleitoral

Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva prepara um conjunto robusto de medidas econômicas com foco em 2026, ano em que o presidente pretende disputar um novo mandato. Entre renovações e ampliações de programas de gastos públicos e estímulos ao crédito, o pacote chega a R$ 220 bilhões, sendo que cerca de R$ 80 bilhões devem ficar fora da meta fiscal, embora impactem diretamente a dívida pública.

A estratégia repete um padrão já observado desde 2024, após a aprovação do arcabouço fiscal. Segundo estimativas da Instituição Fiscal Independente (IFI) e de consultorias privadas, despesas excluídas da meta, incluindo estatais e operações financeiras, têm crescido de forma recorrente. Para 2026, mesmo com a previsão oficial de superávit primário de 0,25% do PIB, analistas projetam resultado próximo de zero, abrindo espaço adicional para gastos no ano eleitoral.

Boa parte das medidas envolve mecanismos extraorçamentários, como fundos privados criados durante a pandemia e linhas de crédito subsidiadas, especialmente para habitação. Embora não apareçam de forma direta no cálculo do déficit primário, essas iniciativas elevam o endividamento. A dívida bruta do país pode alcançar cerca de 82,5% do PIB, colocando o Brasil entre os emergentes mais endividados do mundo, atrás apenas da China.

Economistas alertam que o conjunto de estímulos tende a aquecer a economia e pressionar a inflação, o que pode limitar a redução da taxa básica de juros em 2026. Com a Selic ainda em patamar elevado e o pagamento anual de juros da dívida se aproximando de R$ 1 trilhão, o espaço para flexibilização monetária segue condicionado à trajetória fiscal, hoje vista com desconfiança por parte do mercado e de analistas independentes.