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PCC teria usado codinomes Lula e Bolsonaro para esconder sócios em esquema de R$ 5 bi, diz PF

Relatórios e interceptações mostram divisão de lucros e uso de companhias fictícias no esquema

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Polícia Federal revelou que uma investigação descobriu que a distribuidora de combustíveis Duvale, formalmente inativa desde 2017, vinha sendo usada como peça principal em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), chegando a movimentar pelo menos R$ 5 bilhões entre os anos de 2019 e 2023. As informações são da Folha de São Paulo.

O quadro societário forma da empresa permaneceu inalterado, com Celso Leite Soares como dono de 99% das cotas e seu irmão com 1%, porém, a companhia foi vendida informalmente para Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, entre 2019 e 2020. Eles foram alvo de mandados nas operações deflagradas no mês de agosto, mas seguem foragidos.

Relatórios internos e interceptações de ligações comprovam que a Duvale era gerida por quatro sócios ocultos.

  • Beto Louco (65%);
  • Primo (15%);
  • Celso Leite Soares (10%);
  • Daniel Dias Lopes (10%).

Os quatro tinham aderido codinomes para não serem identificados, sendo chamados de “sr. Bolsonaro”, “sr. Lula”, “sr. Ciro” e “sr. Obama”.

Segundo a PF, entre agosto de 2020 e o início de 2023, a distribuição mensal dos lucros foi registrada. Empresas de fachada, como a ML8 Serviços de Apoio Administrativo, realizavam toda a operação das transferências.

A apuração aponta que Daniel Lopes e sua esposa, Miriam Favero, eram responsáveis por gerir o setor financeiro das operações. A ML8 fazia transferências milionárias para companhias fictícias ligadas a cada sócio oculto, sem emissão de notas fiscais ou registros de serviços.

De acordo com a Polícia Federal, o histórico da Duvale no setor de combustíveis fez parecer que as movimentações milionárias eram legítimas, o que ajudou a diminuir a chance de alertas nos sistemas de controle.